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Trump pinta retrato de "retomada histórica" e promete cortes de impostos em 2026
Em mensagem à nação, presidente fez balanço otimista dos primeiros 11 meses de governo, listou conquistas econômicas e na segurança, mas alegações foram contestadas por análises factuais
America do Norte
Foto: https://cdn.folhape.com.br/img/pc/1100/1/dn_arquivo/2025/07/afp-20250728-684c682-v1-midres-britainscotlandustrump.jpg
■   Bernardo Cahue, 25/12/2025

Em um pronunciamento em horário nobre na noite de quarta-feira (18), o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, dirigiu-se à nação para fazer um balanço dos primeiros 11 meses de seu mandato. Em um discurso transmitido da Casa Branca, Trump descreveu um cenário de "mudança positiva transformadora" e uma "retomada histórica" para o país, contrastando suas políticas diretamente com as do governo anterior de Joe Biden. A mensagem, que serviu como uma espécie de pronunciamento de fim de ano, combinou uma extensa lista de autodeclaradas conquistas com promessas ambiciosas para 2026, incluindo os que seriam os maiores cortes de impostos da história americana.

Os Pilares do Discurso: Economia, Fronteira e Política Externa

O presidente estruturou seu discurso em três grandes eixos: a recuperação econômica, a segurança nacional (com foco na imigração) e a política externa. Ele afirmou que herdou uma situação de crise em todas as frentes e que, em menos de um ano, reverteu completamente o quadro.

No front econômico, as alegações foram numerosas:

  • Queda de preços: Trump afirmou que preços de carros, gasolina, hotéis e passagens aéreas, que subiram sob o governo Biden, agora "estão todos caindo — e caindo rápido".
  • Combate à inflação: Declarou que a inflação foi "parada" e que os salários estão subindo mais rápido do que ela.
  • Investimento recorde: Disse ter garantido "US$ 18 trilhões em investimentos" para os Estados Unidos, o que geraria empregos e aumento de salários.
  • Cortes de impostos futuros: A grande promessa foi a de que no próximo ano seriam implementados "os maiores cortes de impostos da história americana", possibilitando economias anuais de US$ 11 mil a US$ 20 mil para muitas famílias.

Sobre imigração e segurança, o tom foi de triunfo e confronto:

  • Fronteira fechada: Trump declarou que, começando no primeiro dia, agiu para "parar a invasão da nossa fronteira sul" e que há sete meses "zero imigrantes ilegais" foram admitidos no país, um feito que ele considera impossível para a administração anterior.
  • Deportações e combate a drogas: Afirmou estar deportando criminosos e que as drogas entrando por via marítima caíram 94%.
  • "Dividendo do Guerreiro": Anunciou o pagamento de um bônus de US$ 1.776 para mais de 1,45 milhão de militares antes do Natal.

Em política externa, fez alegações de grande alcance, incluindo ter "destruído a ameaça nuclear do Irã" e "acabado com a guerra em Gaza, trazendo paz pela primeira vez em 3.000 anos para o Oriente Médio".

Controvérsias e Análise Crítica das Alegações

Embora o discurso tenha sido transmitido de forma oficial, várias das afirmações feitas por Trump foram imediatamente contestadas por veículos de imprensa e analistas. Uma análise da CNN, que conferiu a factibilidade do discurso linha por linha, apontou inconsistências e exageros significativos.

As principais controvérsias incluem:

  1. Contexto econômico: A afirmação de que a inflação herdada era a pior em 48 anos é considerada "factualmente imprecisa", pois a taxa de janeiro de 2025 era semelhante à atual.
  2. Números específicos: A cifra de US$ 18 trilhões em investimentos foi classificada como "falsa" pela checagem de fatos. Da mesma forma, a queda de 94% nas drogas pelo mar é questionável, já que a maioria do fentanol entra por outras vias.
  3. Retórica sobre imigração: Termos como "exército de 25 milhões" de imigrantes e alegações de que vieram de prisões e instituições mentais são caracterizados como "não comprovados" e repetidamente desmentidos em verificações anteriores.
  4. Conquistas de política externa: A declaração de ter "destruído a ameaça nuclear iraniana" é contestada, uma vez que o programa nuclear do Irã, que o país afirma ser para energia, permanece ativo mesmo após ataques a suas instalações.

A análise conclui que, enquanto partes do discurso podem ressoar com sua base política, muitas das afirmações carecem de fundamento factual preciso e podem não convencer eleitores independentes preocupados com a economia.

O Cenário Político e a Preparação para 2026

O discurso de fim de ano claramente serve como um marco para a preparação do próximo ciclo político. Ao demarcar um contraste radical com o governo Biden e prometer benefícios econômicos tangíveis para o cidadão comum no próximo ano — como os grandes cortes de impostos e reembolsos recordes — Trump busca consolidar uma narrativa de sucesso e eficiência.

No entanto, essa narrativa é recebida por uma nação profundamente dividida. O próprio discurso foi caracterizado como "divisivo" e uma "arenga" que apresenta uma visão "muito sombria" dos opositores políticos. A efetividade real das políticas anunciadas e a materialização das promessas feitas, particularmente no complexo cenário econômico, serão o verdadeiro teste para a retórica otimista do pronunciamento natalino.

Com informações de: Whitehouse.gov, CNN ■