Siga nossas redes sociais | ![]() | Siga nossos canais |
Em uma transmissão nacional na noite de 24 de dezembro, véspera de Natal, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, dirigiu-se ao país com uma mensagem centrada na paz e na unidade. Acompanhado da primeira-dama, Cilia Flores, Maduro desejou felicidades às famílias e declarou que a paz será o "destino e a glória" da Venezuela. Flores, por sua vez, complementou com um apelo à fraternidade global, afirmando sua convicção de que "sempre vai triunfar o bem".
O discurso, no entanto, foi proferido em um contexto de extrema tensão geopolítica. Maduro classificou o massivo deslocamento de forças navais e aéreas dos Estados Unidos no Mar do Caribe como uma "ameaça" direta contra a estabilidade de seu governo. Apenas um dia antes, em 23 de dezembro, Maduro havia comandado uma ceia natalina no barrio San Agustín, em Caracas, onde dançou, cantou gaitas (música típica) e fez um discurso descontraído, declarando: "o imperialismo não pode conosco".
Cinco dias antes do discurso oficial de Natal, Maduro já havia enviado um recado direto e incomum ao povo dos Estados Unidos. Em 19 de dezembro, utilizando um inglês arranhado e citando a música "Don't Worry, Be Happy", de Bobby McFerrin, o líder venezuelano gravou uma mensagem de vídeo com tons tanto pacifistas quanto sarcásticos.
As frases, que se tornaram o centro das manchetes, foram: "Ao povo dos Estados Unidos, Feliz Natal! Ao povo dos Estados Unidos, não à guerra. Feliz Natal! Não se preocupem, sejam felizes... Sejam felizes como uma minhoca e façam com que os outros sejam felizes também". Analistas interpretaram o tom como uma mistura de apelo pela não-intervenção e uma provocação ao governo de Donald Trump.
A troca de mensagens ocorre em um momento de escalada bélica sem precedentes recentes na região. As principais ações e declarações que configuram o cenário incluem:
Em resposta, o governo venezuelano qualificou o bloqueio como uma "ameaça grotesca" e "irracional", acusando Washington de tentar roubar as riquezas do país e violar o direito internacional ao livre comércio e navegação. A Venezuela também levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU, onde, segundo Maduro, recebeu um "apoiou esmagador" contra as ações dos EUA.
Em meio ao isolamento imposto por Washington, Maduro buscou e recebeu demonstrações de solidariedade de aliados tradicionais. O presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma mensagem reafirmando sua "solidariedade inalterável" frente à "pressão externa sem precedentes". Da mesma forma, os líderes da Nicarágua, Daniel Ortega e Rosario Murillo, ratificaram sua "inquebrantável unidade" com Caracas.
Paralelamente, Maduro adotou uma estratégia interna incomum: antecipar o Natal para 1º de outubro. Pelo segundo ano consecutivo, ele decretou o início das celebrações navideñas três meses antes da data tradicional. O governo justificou a medida como um estímulo à economia, cultura e felicidade do povo. Críticos e analistas, contudo, veem a ação como uma manobra política para elevar o moral da população e desviar a atenção das crises econômica e política, especialmente em um ano marcado por tensões internacionais extremas. Durante este período prolongado, é comum que o governo intensifique o reparto de alimentos e ajudas em comunidades.
Os pronunciamentos de Nicolás Maduro neste Natal de 2025 encapsulam a contradição de seu governo: um apelo retórico à paz e à felicidade, contrastando com a realidade de um país sob cerco militar e econômico. Enquanto sua mensagem para os venezuelanos tenta projetar normalidade e esperança, o tom usado para os americanos—mesclando boas festas com um pedido direto contra a guerra—revela a percepção de uma ameaça iminente.
Com o Caribe transformado em um palco de demonstração de força militar, e com Washington e Caracas trocando acusações graves de terrorismo e agressão imperial, o destino de "paz e glória" almejado por Maduro parece depender menos de mensagens natalinas e mais de um delicado e perigoso jogo geopolítico, onde qualquer movimento em falso pode ter consequências imprevisíveis para toda a região.
Com informações de: VEJA, 2001online.com, Swissinfo, CBN, Ciudad Valencia, Hondudiario, Facebook/teleSUR, El País, Infobae, Poder360 ■