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Venezuela acusa EUA de "maior extorsão da história" na ONU; Rússia e China condenam "caubói"
Crise diplomática se intensifica no Conselho de Segurança após bloqueio naval americano e apreensão de petroleiros venezuelanos, com aliados de Caracas alertando para risco de escalada regional
America do Sul
Foto: https://blogdorai.com.br/wp-content/uploads/2025/12/Venezuela-acusa-EUA-de-extorsyo-na-ONU-Ryssia-e-China-apoiam-Maduro-scaled.jpg
■   Bernardo Cahue, 24/12/2025

A Acusação: "Extorsão" e Ameaça à Soberania

Em uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU realizada na terça-feira (23), o embaixador venezuelano, Samuel Moncada, lançou uma grave acusação contra os Estados Unidos. Ele afirmou que Washington está submetendo seu país à "maior extorsão de que se tem notícia em nossa história". Moncada declarou que os EUA estão agindo "à margem do direito internacional" com a exigência de que os venezuelanos "abandonemos nosso país e o entreguemos". A reunião foi solicitada pela Venezuela com o apoio expresso de Rússia e China.

O Bloqueio Naval e a Resposta dos Aliados

As acusações ocorrem no contexto de uma crescente pressão militar americana no Caribe. Desde agosto, os EUA mantêm uma frota de guerra na região, e no dia 16 de dezembro, o presidente Donald Trump anunciou um bloqueio naval completo a petroleiros sancionados que entrem ou saiam da Venezuela. Ações militares já resultaram na apreensão de pelo menos dois navios-tanque, com um terceiro sendo perseguido, e em uma série de ataques aéreos que, segundo relatos, mataram mais de 100 pessoas desde setembro.

Rússia e China, aliados estratégicos do governo de Nicolás Maduro, foram veementes em seu apoio a Caracas e na condenação a Washington:

  • Rússia: O embaixador Vassily Nebenzia descreveu o bloqueio como uma "agressão flagrante" e criticou o que chamou de "comportamento de caubói" dos Estados Unidos, cujas ações "violam todas as normas fundamentais do direito internacional". Um dia antes, o chanceler Sergei Lavrov havia reafirmado o "apoio total" de Moscou a Caracas em uma conversa telefônica com seu homólogo venezuelano.
  • China: O representante Sun Lei afirmou que a China "se opõe a todos os atos de unilateralismo e intimidação". O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores havia criticado anteriormente a "prática estadounidense de deter arbitrariamente buques" como uma grave violação do direito internacional.

Justificativa Americana e Nova Lei Venezuelana

Em resposta, o embaixador americano, Mike Waltz, defendeu as ações de seu governo. Ele repetiu as acusações do presidente Trump de que o petróleo venezuelano financia "narcoterrorismo, o tráfico de pessoas, os assassinatos e os sequestros" e que Maduro é o chefe de uma organização terrorista. Waltz afirmou que os EUA "farão tudo o que estiver em seu poder para proteger nosso hemisfério". A Casa Branca oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão de Maduro.

Do lado venezuelano, a Assembleia Nacional, controlada pelo partido de Maduro, aprovou por unanimidade uma nova lei para enfrentar as ações americanas. O projeto "Para Garantir a Liberdade de Navegação e Comércio contra a Pirataria, Bloqueios e Outros Atos Ilícitos Internacionais" prevê penalidades severas, incluindo até 20 anos de prisão, para quem apoiar ou financiar bloqueios considerados ilegais.

Tensão Bilateral e Cenário Internacional

A crise é marcada por um intenso discurso hostil entre os líderes Trump e Maduro. Em recentes declarações, Trump sugeriu que o "mais inteligente" que Maduro poderia fazer seria renunciar. Maduro, por sua vez, retrucou dizendo que Trump "estaria melhor no mundo se focasse nos problemas do seu próprio país".

Internacionalmente, a situação divide opiniões. Enquanto Rússia e China apoiam abertamente a Venezuela, correspondentes na ONU notaram que alguns países latino-americanos com governos de direita, como Argentina, Panamá e Chile, parecem alinhar-se com a posição dos Estados Unidos. O vice-secretário-geral da ONU, Khaled Khiari, ofereceu os "bons ofícios" do secretário-geral António Guterres para mediar um esforço diplomático, se ambas as partes solicitarem.

Com informações de: G1, The Moscow Times, Veja, UOL, Channel News Asia, National Post, Prensa Latina, Malay Mail, Al Jazeera■