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Novo ataque dos EUA no Pacífico eleva número de mortos a mais de 100
Novo assassinato em águas internacionais faz o balanço de vítimas ultrapassar a marca centenária, intensificando debates sobre legalidade e soberania
America do Sul
Foto: https://materiaprimacomunica.com.br/wp-content/uploads/2025/12/EUA-novo-ataque.webp
■   Bernardo Cahue, 23/12/2025

Um novo ataque militar dos Estados Unidos a uma embarcação no Oceano Pacífico Oriental na segunda-feira (22) resultou em pelo menos uma morte, elevando o número total de fatalidades na campanha iniciada em setembro para mais de 100 pessoas. A ação, autorizada pelo Secretário de Defesa Pete Hegseth, foi justificada pelo Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) como um ataque a um barco operado por "organizações terroristas" em rotas conhecidas de narcotráfico.

Escala e Contexto da Operação Southern Spear

O ataque faz parte da Operação Southern Spear, uma campanha militar que representa uma mudança significativa na política dos EUA para combater o tráfico de drogas. Iniciada no Caribe, a operação se expandiu para o Pacífico a partir de outubro, principal rota de contrabando de cocaína da América do Sul.

Os números compilados por observadores independentes detalham a escalada:

  • Desde setembro de 2025: Mais de 25 ataques realizados.
  • Mortes confirmadas: O número superou a marca de 100, com 104 vítimas confirmadas após os ataques dos dias 17 e 18 de dezembro.
  • Alcance geográfico: Ações letais foram executadas tanto no Caribe quanto no Pacífico Oriental, sempre em águas internacionais.

Justificativa, Críticas e Controvérsias Legais

A administração do presidente Donald Trump enquadra a campanha como um "conflito armado não internacional" contra cartéis de drogas designados como organizações terroristas, argumentando que é uma medida necessária para proteger os EUA. No entanto, a estratégia enfrenta severas críticas e questionamentos:

  1. Falta de Evidências Públicas: O governo não divulgou publicamente provas de que as embarcações atingidas transportavam drogas ou da afiliação das vítimas a cartéis.
  2. Questionamentos no Congresso Americano:
    • Parlamentares democratas e alguns republicanos argumentam que o Executivo não tem autoridade legal para conduzir tais ataques sem aprovação congressional.
    • Duas resoluções na Câmara dos Representantes que buscavam frear as operações foram rejeitadas.
    • O orçamento de viagens do Secretário Hegseth foi condicionado à entrega de vídeos não editados do primeiro ataque à comissões do Congresso, devido à gravidade das alegações.
  3. Aleições de Violação do Direito Internacional:
    • Especialistas em direitos humanos da ONU classificaram as mortes como possíveis execuções extrajudiciais ilegais.
    • O ataque inicial de 2 de setembro é alvo de investigação especial, após revelações de que um segundo ataque foi realizado contra sobreviventes na água, uma prática que especialistas legais afirmam poder configurar crime de guerra.

Cenário Regional Mais Amplo: Pressão sobre a Venezuela

A campanha de ataques navais ocorre em paralelo a uma expressiva escalada de pressão dos EUA sobre a Venezuela. O governo Trump ordenou um "bloqueio total e completo" a petroleiros sancionados que chegam ou saem do país, interceptando várias embarcações. Para analistas, as ações marítimas e o grande deslocamento militar no Caribe - incluindo porta-aviões e caças F-35 - são parte de uma estratégia de guerra psicológica e máxima pressão para forçar uma mudança de regime e enfraquecer o presidente Nicolás Maduro. Maduro, por sua vez, acusa os EUA de buscarem uma "mudança de regime" e de se apropriarem dos recursos petrolíferos venezuelanos.

Reações e Tensões Internacionais

A política americana gerou atritos com outros governos latino-americanos:

  • Colômbia: O presidente Gustavo Petro acusou publicamente os EUA de "assassinato" após ataques que mataram cidadãos colombianos, levando o governo Trump a cortar toda a ajuda externa ao país.
  • Argentina: A oferta de um pacote de ajuda financeira de US$ 40 bilhões foi condicionada publicamente ao sucesso eleitoral do presidente Javier Milei, gerando acusações de ingerência.

Enquanto isso, a campanha segue sem sinais de interrupção, com o próprio Trump sugerindo a possibilidade de expandi-la para alvos em terra firme. O secretário Hegseth comparou a luta contra os cartéis à Guerra ao Terror pós-11 de Setembro, sinalizando que a estratégia de força letal deve permanecer.

Com informações de: G1, UOL, Military.com, CNN, DW, Airwars, Euronews, CBS News, Wikipedia ■