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Em uma intervenção contundente perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, Cuba condenou as ameaças e ações militares dos Estados Unidos contra a Venezuela, caracterizando-as como uma imposição de hegemonia e uma violação grave do direito internacional. O embaixador Yuri Gala, encarregado de Negócios da Missão Permanente de Cuba, denunciou o que chamou de "falso pretexto" da luta antidrogas para justificar um desdobramento militar extraordinário no Caribe.
O ponto central da acusação foi o assalto a um navio petroleiro em águas internacionais por forças militares estadunidenses em 10 de dezembro. Gala descreveu o episódio como um "ato de pirataria e terrorismo marítimo", afirmando que a ação viola convenções internacionais do mar e integra uma campanha para impedir que a Venezuela comercialize livremente seus recursos naturais. Este evento é parte de uma crise mais ampla iniciada em 2025, quando os EUA aumentaram sua presença naval no Caribe sob a justificativa de combater o narcotráfico.
A chamada "Operação Lanza del Sur" já resultou em dezenas de mortes e envolve um significativo poderio militar, incluindo o porta-aviões USS Gerald R. Ford. O governo do presidente Donald Trump designou vários cartéis de drogas como organizações terroristas, o que, segundo analistas, criou o arcabouço legal para a intervenção.
Em resposta às críticas na ONU, o embaixador dos Estados Unidos, Jeffrey Bartos, defendeu as ações de seu país e atacou os governos de Cuba e Venezuela. Ele afirmou que as dificuldades econômicas cubanas são resultado de suas próprias políticas e acusou o regime de Havana de "apoiar ativamente a guerra da Rússia na Ucrânia". Bartos instou Cuba a "abandonar suas lentes marxistas" e a libertar presos políticos.
Para Cuba, a crise transcende a solidariedade ideológica. A sobrevivência do governo venezuelano é vista como um interesse nacional estratégico. Desde os anos 2000, a Venezuela substituiu a antiga União Soviética como principal suporte econômico e energético da ilha, fornecendo petróleo em troca de serviços como missões médicas. Especialistas consultados pelo jornal El País afirmam que "a sobrevivência do regime autocrático venezuelano é de suma importância para a sobrevivência das elites políticas cubanas.".
Esta dependência explica a mobilização total do aparato estatal cubano em apoio a Nicolás Maduro:
Analistas políticos cubanos observam uma "evidente inquietude" na chancelaria da ilha, preocupada com as consequências imprevisíveis de uma eventual queda do aliado estratégico.
A denúncia de Cuba na ONU ocorre em um contexto de pressão econômica crescente. Em outubro de 2025, a Assembleia Geral da ONU aprovou, por ampla maioria, uma resolução pedindo o fim do embargo estadunidense à ilha pelo 33º ano consecutivo. Cuba alega que o bloqueio, intensificado nos últimos anos, causa danos humanos e econômicos devastadores, com perdas acumuladas que superam os 170 bilhões de dólares.
A crise no Caribe também tem desdobramentos geopolíticos mais amplos:
O conflito diplomático e militar em curso coloca a América Latina no centro de uma disputa entre potências, reacendendo tensões históricas e ameaçando com uma instabilidade prolongada. A defesa intransigente de Cuba em relação a Venezuela evidencia que, para Havana, a batalha no Caribe é, em muitos aspectos, uma batalha pela sua própria sobrevivência política e econômica.
Com informações de: Prensa Latina, Cubaminrex, Black Agenda Report, Wikipedia, United Nations, El País, U.S. Mission to the United Nations, Facebook, Cubadebate, CNN ■