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O processo eleitoral de Honduras mergulhou em uma crise profunda com um dos três conselheiros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) se recusando publicamente a validar os resultados das eleições de 30 de novembro. Marlon Ochoa, representante do partido governista Liberdade e Refundação (Libre), classificou o pleito como a “eleição mais suja e menos transparente” da história do país e reiterou sua exigência por uma contagem voto por voto para aceitar qualquer resultado.
A posição de Ochoa acentua a instabilidade em Honduras, que completa 21 dias sem um presidente eleito oficialmente declarado. O escrutínio especial de milhares de urnas com inconsistências, considerado crucial para definir o vencedor, só começou em 18 de dezembro após reiterados atrasos.
O cerne da controvérsia está na contestação sobre como contar os votos que apresentam problemas. O conselheiro Marlon Ochoa exige a abertura física das 19.167 urnas de nível presidencial para uma contagem manual integral. Ele baseia seu pedio em:
No entanto, o próprio CNE declarou que a legislação atual não permite um reconto voto a voto de forma generalizada sem uma causa justificada, argumentando que tal medida "desnaturaria o sistema de escrutínio". Em vez disso, o órgão optou por um "escrutínio especial" focado em 2.792 atas com inconsistências, que representam cerca de 500 mil votos em jogo.
Os resultados preliminares, com mais de 99,8% das atas processadas, mostram uma disputa extremamente acirrada que justifica a minuciosidade do processo:
Esta margem estreita significa que os cerca de 500 mil votos sob revisão no escrutínio especial são mais do que suficientes para alterar o resultado final. O candidato Nasralla já pediu que a revisão seja ampliada para outras 8.845 urnas, alegando que os números atuais não refletem a vontade do povo.
A crise eleitoral é agravada por acusações de ingerência estrangeira, principalmente dos Estados Unidos. O conselheiro Ochoa denunciou explicitamente uma intervenção e tutela norte-americana sobre o processo. Os fatos que alimentam essas acusações incluem:
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que as vozes dos 3,4 milhões de hondurenhos "devem ser respeitadas" e que seu governo não tolerará ações que desestabilizem a região.
Enquanto o CNE tenta concluir a contagem, o clima no país permanece tenso:
A data limite para o CNE declarar um vencedor é 30 de dezembro. Analistas preveem que, independentemente do resultado, o próximo presidente assumirá o cargo com um sério déficit de legitimidade em meio a um profundo vácuo de governabilidade. A possibilidade de o conselheiro Ochoa e seu partido se recusarem a reconhecer a declaração final coloca o país em um território político desconhecido e perigoso, onde a solução pode depender mais da pressão de atores internacionais e das Forças Armadas do que de um consenso nacional.
Com informações de: CNN Español, Prensa Latina, BBC News Mundo, La Silla Rota, WRAL, Hondudiario, Infobae, Deutsche Welle■