Siga nossas redes sociais | ![]() | Siga nossos canais |
A apuração parcial dos votos das eleições presidenciais em Honduras, realizadas no domingo (30), coloca o candidato conservador Nasry "Tito" Asfura na dianteira de uma disputa acirrada, marcada por uma interferência sem precedentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que incluiu apoio público e ameaças de corte de ajuda financeira.
Com cerca de 40% dos votos apurados, Asfura, do Partido Nacional, obtém aproximadamente 41% dos votos. Logo atrás, com cerca de 39%, está outro candidato de direita, o apresentador de televisão Salvador Nasralla, do Partido Liberal. A candidata governista de esquerda, Rixi Moncada, do partido LIBRE, aparece em terceiro, com cerca de 20% dos sufrágios. Como o sistema eleitoral hondurenho não prevê segundo turno, o candidato com a maioria simples dos votos será declarado vencedor.
A eleição, que também define os 128 membros do Congresso e centenas de cargos municipais, apresentou um cenário de triplo empate nas pesquisas, condensando as tensões políticas de um país com histórico de golpes e instabilidade.
A campanha foi dramaticamente impactada por ações diretas de Donald Trump nos dias que antecederam o pleito. O presidente americano não apenas declarou apoio público a Asfura, chamando-o de "o único verdadeiro amigo da liberdade", como também emitiu ameaças explícitas.
Trump afirmou que, se Asfura perdesse, os Estados Unidos "não vão desperdiçar dinheiro" em Honduras, sugerindo o corte de ajuda financeira ao país. Além disso, de forma chocante, anunciou que concederia perdão ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado em 2024 a 45 anos de prisão nos EUA por tráfico de drogas. Trump justificou a decisão alegando que Hernández foi vítima de uma "armadilha" política. A candidata Rixi Moncada denunciou essas ações como "atos de ingerência" intervencionistas.
O processo eleitoral foi realizado em um clima de extrema desconfiança, com todos os candidatos lançando acusações mútuas de fraude antes mesmo da votação. A tensão foi amplificada por dois fatores institucionais preocupantes:
Em meio aos ataques pessoais e à geopolítica, as urgentes questões nacionais ficaram em segundo plano. Honduras permanece um dos países mais desiguais da América Latina, com cerca de 60% de sua população vivendo na pobreza e uma economia dependente de remessas de emigrantes e da agricultura.
Apesar de a presidente Xiomara Castro ter conseguido reduzir a pobreza e a desigualdade, recebendo elogios do FMI por sua gestão fiscal, a economia informal atinge cerca de 70% da força de trabalho. Na segurança, mesmo com a taxa de homicídios em seu menor nível em 30 anos, Honduras ainda possui a mais alta da América Central, e a violência das gangues permanece um flagelo.
O próximo governante herdará ainda um delicado xadrez diplomático. Tanto Asfura quanto Nasralla sinalizaram a intenção de restabelecer relações com Taiwan, revertendo a decisão de Castro de se aproximar da China em 2023—uma medida que seria um revés significativo para Pequim na região.
Enquanto a apuração total pode levar dias, o país aguarda o resultado final sob o risco de contestação e impasse. O subsecretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, já advertiu que Washington responderá "com firmeza" a qualquer tentativa de minar a integridade do processo. O pleito em Honduras demonstra, mais uma vez, como as frágeis democracias da América Central se tornam arenas de disputas de poder tanto internas quanto externas.
Com informações de G1, Euronews, Agência Brasil, DW, UOL, CNN Brasil, Público e Revista Salto ■