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Em uma decisão que reverberou nas relações internacionais e na política interna dos dois países, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu perdão presidencial a Juan Orlando Hernández, ex-presidente de Honduras condenado a 45 anos de prisão por narcotráfico nos EUA. No entanto, a liberdade concedida por Washington pode ser de curta duração. Fontes do governo hondurenho indicam que um mandado de prisão contra Hernández está sendo preparado por autoridades locais, em um movimento que desafia diretamente o gesto de Trump e promete aprofundar a crise política no país centro-americano.
Juan Orlando Hernández, que governou Honduras de 2014 a 2022, foi libertado na segunda-feira, 2 de dezembro de 2025, da Penitenciária Federal de Alta Segurança USP Hazelton, na Virgínia Ocidental. Sua soltura ocorreu dias após o anúncio do indulto por Trump. A mulher do ex-presidente, Ana García de Hernández, agradeceu publicamente a Trump, declarando que seu marido era "finalmente um homem livre".
A condenação de Hernández, em março de 2024, foi histórica. Um tribunal federal de Nova York o considerou culpado por:
Trump justificou sua decisão, chamando o processo judicial de "uma armadilha da administração Biden" e uma "caça às bruxas horrível", alegando que Hernández foi culpado simplesmente por ser presidente de um país com problemas de narcóticos.
O indulto foi anunciado em um momento de extrema tensão política em Honduras, horas antes do início da contagem de votos de uma eleição presidencial apertada e disputada. Trump havia apoiado publicamente o candidato do Partido Nacional (o partido de Hernández), Nasry Asfura, e fez ameaças de cortar fundos americanos se seu candidato favorito não vencesse.
Observadores políticos sugerem que o perdão a Hernández foi um gesto calculado para mobilizar a base conservadora e fortalecer o Partido Nacional nas eleições. A contagem de votos, marcada por denúncias de irregularidades e um "empate técnico" entre Asfura e o candidato centrista Salvador Nasralla, ainda não tinha um resultado oficial confirmado. O subsecretário de Estado americano, Christopher Landau, alertou que "os olhos do mundo estão sobre Honduras" para garantir que a vontade do povo seja respeitada.
A decisão de Trump gerou uma rara onda de críticas bipartidárias no Congresso dos EUA, com legisladores apontando uma contradição gritante na política antidrogas do governo.
As críticas destacam o contraste entre o perdão e a agressiva "guerra às drogas" de Trump no Caribe, que inclui bombardeios a embarcações suspeitas.
Apesar da liberdade nos EUA, o retorno de Hernández a Honduras é incerto e carregado de riscos legais. Após o anúncio do indulto, o Procurador-Geral de Honduras, Johel Zelaya, afirmou publicamente que seu escritório mantém o dever de "buscar justiça e combater a impunidade".
Essa declaração é um forte indício de que as autoridades hondurenhas não consideram o caso encerrado. De acordo com informações obtidas por esta reportagem, a Procuradoria Geral da República está prestes a emitir um mandado de prisão nacional contra Juan Orlando Hernández. As acusações potenciais em solo hondurenho podem incluir crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação ilícita, relacionados aos esquemas revelados durante o julgamento nos EUA, mas que não foram julgados localmente.
Esta situação coloca o governo da presidente Xiomara Castro, que autorizou a extradição de Hernández em 2022, em um delicado impasse diplomático com a administração Trump e demonstra que, internacionalmente perdoado, o ex-presidente ainda pode enfrentar a justiça em seu próprio país.
Com informações de: CNN, Deutsche Welle (DW), France24, BBC, Delfino.cr ■