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A crise interna do União Brasil atingiu seu ápice com a expulsão do ministro do Turismo, Celso Sabino, e a imediata requisição do partido ao governo Lula para indicar seu substituto na mesma pasta. O episódio, que se desenrolou entre setembro e dezembro de 2025, vai muito além de uma simples troca ministerial. Ele representa uma manobra calculada da cúpula partidária, liderada por Antônio Rueda, para “preservar a independência partidária” e forçar um alinhamento interno, purgando figuras governistas e progressistas como Sabino em favor de nomes mais leais à nova postura oposicionista.
A ruptura formal foi anunciada em setembro, quando a federação entre União Brasil e PP (União Progressista) decidiu desembarcar do governo. A decisão exigia que todos os “detentores de mandato” filiados deixassem seus cargos no governo federal. No dia 18 do mesmo mês, o União Brasil radicalizou: deu um prazo de 24 horas para que todos os seus filiados em cargos de livre nomeação pedissem exoneração, sob pena de punição por “infidelidade partidária” e até expulsão.
O alvo principal era Celso Sabino. No entanto, o ministro, que nutre ambições de concorrer ao Senado em 2026, resistiu. Ele desconsiderou o ultimato, manteve-se no cargo e chegou a acompanhar o presidente Lula na COP30, em Belém, usando o evento como vitrine política. Esta resistência foi classificada pelo partido como um ato de desobediência, levando à abertura de um processo disciplinar que culminou em sua expulsão em 8 de dezembro.
Por trás da decisão de desembarcar do governo estão claros objetivos estratégicos para as eleições de 2026. A cúpula do União Brasil e do PP busca:
O partido justificou o timing do ultimato de 24 horas alegando uma suposta retaliação do Planalto. Na nota oficial, acusou o governo de usar a estrutura estatal para desgastar seu presidente, Antônio Rueda, após reportagens que o ligavam a investigações sobre o PCC — acusações que ele nega. A ministra Gleisi Hoffmann repudiou as acusações, chamando-as de “infundadas e levianas”.
O epílogo da crise confirmou a vitória da direção nacional do União Brasil sobre a ala governista. Para “pacificar a relação com o partido” e garantir sua governabilidade, o presidente Lula atendeu à indicação da legenda para o lugar de Sabino. O escolhido foi Gustavo Feliciano (Gustavo Damião), empresário e filho do deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), representando a ala do partido mais alinhada à cúpula de Rueda.
O contraste com a situação do PP, parceiro na federação, é revelador. Enquanto o União Brasil expulsou seu ministro, o PP não pressionou com a mesma força a saída de André Fufuca do Ministério do Esporte. Fufuca, que chegou a declarar voto em Lula para 2026, permanece no cargo, demonstrando que a aplicação das regras de fidelidade partidária pode ser flexível e estratégica.
A manobra do União Brasil transcende a simples saída de um partido da base aliada. Ela exemplifica uma guerra interna pelo controle da legenda e seu futuro eleitoral. A expulsão de Celso Sabino não foi apenas um castigo por desobediência, mas um sinal político claro: no projeto de oposição da cúpula partidária para 2026, não há espaço para ministros com postura francamente governista e progressista. O episódio deixa claro que, no jogo do centrão, a lealdade à direção partidária e aos projetos de poder nacionais frequentemente se sobrepõem à atuação ministerial e até à própria coesão do governo.
Com informações de: Agência Brasil, CartaCapital, Correio Braziliense, Gazeta do Povo, G1, O Globo, Poder360, UOL ■