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Acusações de fraude e interferência externa abalam apuração presidencial em Honduras
Com 34,25% das atas apuradas, candidato apoiado por Trump lidera, enquanto partido governante denuncia "hackeamento" do sistema de transmissão e convoca resistência
Central e Caribe
Foto: https://media.gazetadopovo.com.br/2025/11/29152503/8022892258001w.jpg
■   Bernardo Cahue, 01/12/2025

Os primeiros resultados preliminares das eleições presidenciais de Honduras, divulgados na noite de domingo (30/11), foram imediatamente rejeitados pelo partido governante Libre, que denunciou um suposto ataque cibernético para manipular a votação. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informou que, com 34,25% das atas escrutadas, o candidato de direita Nasry "Tito" Asfura (Partido Nacional) liderava com 530.073 votos, seguido de perto pelo centrista Salvador Nasralla (Partido Liberal), com 506.316 votos. A candidata do governante partido Libre, Rixi Moncada, aparecia em terceiro, com 255.972 votos.

A candidata Moncada e a atual presidente, Xiomara Castro, já haviam alertado nos dias anteriores sobre um plano de sabotagem contra o Sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP). Em suas redes sociais, Moncada pediu à população que se mantivesse "em pé de luta até obter os resultados finais com 100% das atas", recusando-se a reconhecer os dados iniciais.

O "Plano de Golpe": Hackeamento, Apagão de Dados e Manipulação Psicológica

As acusações do partido Libre baseiam-se em uma série de gravações de áudio que vazaram nas últimas semanas. Segundo reportagens, os áudios revelam conversas entre membros dos partidos de oposição (Nacional e Liberal) e uma conselheira eleitoral, detalhando um suposto plano para:

  • Hackear o sistema TREP para transmitir seletivamente resultados de mesas favoráveis à oposição, criando uma narrativa inicial de vitória.
  • Sabotar antenas satelitais para bloquear a transmissão de votos provenientes de municípios considerados bastiões do Libre, um "apagão programado".
  • Mobilizar protestos de rua para alegar fraude e deslegitimar o processo, com o objetivo final de pressionar por uma intervenção militar e a repetição das eleições.

O Partido Nacional negou as acusações, classificando os áudios como falsificações geradas por inteligência artificial. Em resposta às denúncias, o partido Libre organizou uma contagem paralela de votos baseada nas folhas físicas de apuração como forma de contrapor os dados oficiais.

Contexto de Alta Tensão: Polarização, Interferência dos EUA e Desafios do País

A eleição ocorre em um clima de extrema desconfiança e polarização. Além das acusações de fraude, o processo foi marcado pela interferência direta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que publicamente endossou a candidatura de Nasry Asfura.

  • Endosso e Ameaças: Trump publicou mensagens prometendo "grande apoio" se Asfura vencesse e ameaçando cortar a ajuda financeira dos EUA se ele perdesse.
  • Promessa de Indulto: Ele também anunciou que indultaria o ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández (do mesmo partido de Asfura), que cumpre pena de 45 anos nos EUA por tráfico de drogas.

O pleito definiu não apenas o sucessor da presidente Xiomara Castro – impedida de uma reeleição consecutiva – mas também os 128 deputados do Congresso Nacional e centenas de cargos municipais. O próximo governo herdará um país com desafios profundos: cerca de 60% da população vive na pobreza, a violência das gangues permanece alta apesar de um estado de exceção vigente, e a economia depende criticamente das remessas de imigrantes.

Próximos Passos e Vigilância Internacional

A apuração total dos votos é um processo manual e lento, e o resultado oficial pode levar dias para ser conhecido. Enquanto isso, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e outras entidades internacionais acompanham o processo, tendo expressado preocupação com a integridade da votação. O subsecretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, advertiu que seu país agiria "de forma rápida e decisiva contra qualquer um que minar a integridade do processo democrático em Honduras".

Com os candidatos principais estatisticamente empatados nas pesquisas e a confiança no sistema eleitoral abalada, Honduras aguarda os resultados finais em meio ao temor de que as acusações possam desencadear um período prolongado de instabilidade política.

Com informações de Al Jazeera, AS/COA, OperaMundi UOL, BBC News Mundo, teleSUR, Brasil 247, Tico Times ■