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Maduro afirma que Venezuela recebe "apoio abrumador" da ONU
Enquanto EUA prometem mais sanções, mandatário é apoiado pelas Nações Unidas contra as pressões norte-americanas
America do Sul
Foto: https://admin.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2024/08/Maduro-MST-e1724864036790.jpg?w=916
■   Bernardo Cahue, 24/12/2025

Em meio a uma escalada de tensões militares e diplomáticas no Caribe, o Conselho de Segurança da ONU realizou uma sessão de emergência a pedido da Venezuela. O presidente Nicolás Maduro classificou o resultado como um "apoio abrumador" ao seu país, em contraste com a firme posição dos Estados Unidos, que prometeu impor sanções "ao máximo" .

O contexto da crise remonta a meses de aumento da presença militar dos EUA na região, justificada por Washington como parte de uma campanha contra o narcotráfico . A Venezuela, no entanto, denuncia essas ações como uma tentativa de mudança de regime e uma "guerra de saque" para se apoderar de seus recursos petrolíferos . O ponto de inflamação recente foi a ordem do presidente dos EUA, Donald Trump, para bloquear todos os navios petrolíferos sancionados que entram ou saem da Venezuela, além da interceptação e apreensão de pelo menos dois petroleiros com crude venezuelano nas últimas semanas .

Os dois lados do conflito diplomático

As acusações venezuelanas foram apresentadas perante o Conselho pelo embaixador Samuel Moncada. Ele descreveu as ações dos EUA como "a maior extorsão conhecida em nossa história" e "um gigantesco crime de agresso em desenvolvimento" . Moncada afirmou que o bloqueio anunciado por Trump é uma tentativa de "regressar o relógio da história 200 anos para impor uma colónia na Venezuela" . Além disso, a Venezuela apresentou uma contabilidade de 28 ataques armados que teriam resultado em 104 execuções extrajudiciais .

A posição dos Estados Unidos foi defendida pelo embaixador Mike Waltz, que vinculou diretamente o governo de Maduro ao narcotráfico. Waltz afirmou que os petroleiros sancionados são o "principal salva-vidas econômico de Maduro e do seu regime ilegítimo" e financiam o Cartel dos Soles, designado como organização terrorista pelos EUA . Ele prometeu que os EUA aplicarão sanções "ao máximo" para privar Maduro desses recursos .

Reunião do Conselho de Segurança e reações internacionais

A sessão de emergência, realizada em 23 de dezembro de 2025, foi convocada pela Venezuela para denunciar o que classifica como agressões militares e uma ameaça à paz internacional . A interpretação de Caracas sobre um "apoio abrumador" baseia-se nas declarações críticas feitas por vários membros do Conselho às ações norte-americanas.

Vários países expressaram preocupação e pediram moderação:

  • China e Rússia foram os críticos mais diretos. A China opôs-se a "todos os atos de unilateralismo e de assédio" e defendeu o direito dos países à soberania . A Rússia denunciou a "atitude de cowboy" dos EUA, classificou o bloqueio como um "ato de agressão flagrante" e alertou que esta intervenção pode tornar-se um modelo para futuros atos de força na América Latina .
  • França pediu que fossem respeitados os princípios de soberania e integridade territorial .
  • Colômbia, numa posição notável dado seu alinhamento histórico com Washington, condenou "o uso da força" e as "medidas coercivas unilaterais" aplicadas pelos EUA no Caribe .
  • Países como o Paquistão e a Serra Leoa expressaram a necessidade de respeitar a soberania e apelaram ao diálogo e à moderação .

Implicações e próximos passos

Esta reunião ocorre num cenário de crescente militarização. A Venezuela aprovou uma nova lei que prevê penas de até 20 anos de prisão para quem promover ou participar em ações de "pirataria" ou bloqueio contra o seu comércio, uma clara resposta às apreensões de navios . Paralelamente, Maduro enviou cartas a líderes mundiais alertando que a "passividade" internacional perante estas ações pode ter "consequências devastadoras", numa analogia ao ascenso do nazismo .

As perspectivas de uma resolução no Conselho de Segurança são consideradas baixas. A estrutura do Conselho, com cinco membros permanentes com poder de veto, torna difícil uma ação concreta quando há divisões profundas entre as grandes potências . A sessão serviu principalmente como um fórum para demonstrações políticas, com Venezuela, Rússia e China de um lado, e os EUA do outro, sem indicações de um caminho diplomático imediato para desescalar a crise.

Conclusão e reafirmações

Em declarações públicas após a reunião, o presidente Maduro repetiu que "ninguém poderá derrotar" a Venezuela e classificou as apreensões de petroleiros como atos de "pirataria" . O chanceler venezuelano, Yván Gil, celebrou uma "grande vitória" nas Nações Unidas, afirmando que ficou demonstrado que nem mesmo os aliados históricos dos EUA avaliam o uso da força contra o seu país .

Enquanto isso, a postura dos EUA permanece inflexível, com a promessa de intensificar a pressão económica e militar. O conflito, que mistura disputas geopolíticas, acusações de narcotráfico e a batalha pelo controlo dos recursos energéticos venezuelanos, parece longe de uma solução, mantendo a região do Caribe em estado de tensão elevada .

Com informações de: CNN Español, Cubainformacion.tv, El Confidencial, Fuser News, Jornada.com.mx, Radiomiraflores.net.ve, Swissinfo.ch, Telesurtv.net, Dppa.un.org ■