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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu as tensões internacionais ao afirmar, pela segunda vez em dias consecutivos, que seu país iniciará em breve ataques terrestres contra alvos relacionados ao tráfico de drogas. Em declarações na Casa Branca, Trump enfatizou que as ações "não são apenas ataques na Venezuela", mas sim contra "pessoas horríveis que estão trazendo drogas e matando o nosso povo". A retórica agressiva ocorre no contexto de uma apreensão sem precedentes de um navio petroleiro venezuelano pelas forças americanas e um massivo reforço militar no Caribe, levando analistas e legisladores a alertarem sobre o risco de uma escalada em direção a um conflito aberto.
O tom ameaçador de Trump segue um passo considerado extremamente provocativo: a apreensão forçada do petroleiro "Skipper", de bandeira guianense, próximo à costa da Venezuela. Operação conduzida pela Guarda Costeira e Marinha dos EUA com apoio de helicópteros do porta-aviões USS Gerald R. Ford, marcou a primeira vez que os Estados Unidos assumem o controle de uma embarcação do gênero.
As justificativas apresentadas pelas autoridades americanas são múltiplas:
Em resposta, o governo venezuelano classificou o ato como "roubo descarado" e "ato de pirataria internacional", prometendo defender sua soberania com "absoluta determinação". O presidente Nicolás Maduro, em um ato público, declarou que a Venezuela está pronta para "quebrar os dentes do império norte-americano se necessário".
A crise atual é o ápice de uma escalada gradual das operações militares dos EUA na região ao longo de 2025. Os eventos seguem uma lógica de intensificação constante :
A campanha militar e as recentes declarações de Trump geraram fortes reações tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente:
Nos EUA, o debate é acirrado. Enquanto muitos republicanos apoiam as ações, legisladores democratas as criticam veementemente. O senador Chris Van Hollen (D-Md.) afirmou que a apreensão do petroleiro mostra que a narrativa sobre combate às drogas é uma "grande mentira" e que o objetivo real é mudança de regime. Parlamentares têm exigido transparência, incluindo a divulgação de vídeos completos dos ataques marítimos, após revelações de que um deles incluiu um segundo ataque contra sobreviventes, o que especialistas apontam como um potencial crime de guerra. O Secretário de Defesa, Pete Hegseth, se recusou a comprometer-se com a liberação desse material.
Internacionalmente, a ação foi condenada pela Venezuela e recebeu apoio explícito de poucos aliados. O presidente russo, Vladimir Putin, telefonou para Maduro para reafirmar sua solidariedade e o apoio econômico russo. Na América Latina, posições variam: enquanto a Colômbia sinalizou que poderia oferecer asilo a Maduro em um cenário de transição, seu presidente, Gustavo Petro, se opôs publicamente a uma "invasão por estrangeiros".
Especialistas questionam se a narrativa oficial — combate às drogas e aplicação de sanções — explica por completo a escalada. Dados apresentados pelo próprio Trump (de que 92% a 96% do tráfico marítimo já teria sido interrompido) levantam dúvidas sobre a necessidade de uma expansão tão arriscada das operações para o território terrestre.
Alguns analistas, como citado em artigo da Al Jazeera, argumentam que a crise serve menos a interesses econômicos diretos (já que os EUA são autossuficientes em petróleo) e mais a um objetivo doméstico de consolidar o poder executivo. Ações militares justificadas por "emergências nacionais" permitem ao presidente contornar a autorização do Congresso para uso da força, um precedente perigoso, na visão de críticos. Outros veem a operação como um esforço claro para derrubar Maduro, capitalizando o descontentamento interno e o reconhecimento internacional de que sua reeleição em 2024 não foi legítima.
O cenário permanece volátil e imprevisível. O governo Trump, segundo a CNN, já estaria preparando planos para um eventual colapso do regime de Maduro. No entanto, a história recente alerta para os riscos de mudanças de regime forçadas. A possibilidade de um conflito terrestre limitado, com alvos específicos, parece ter aumentado consideravelmente após as declarações presidenciais. Se isso se materializar, poderá desencadear uma resposta militar venezuelana, uma crise humanitária ainda maior e uma profunda instabilidade regional, com consequências difíceis de prever.
Enquanto isso, a comunidade internacional assiste com apreensão a um jogo de xadrez geopolítico onde as peças são movidas por retórica inflamada, poderio militar e interesses que vão muito além do combate ao narcotráfico.
Com informações de: G1, CNN Brasil, NPR, Al Jazeera, Expresso, CNN, The Guardian, BBC, NHK ■