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Na sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, a fachada do John F. Kennedy Center for the Performing Arts em Washington, D.C., apareceu alterada. O letreiro original, que homenageia o 35º presidente dos EUA, foi suplementado com um novo: "The Donald J. Trump and The John F. Kennedy Memorial Center for the Performing Arts". A mudança foi aprovada um dia antes por uma votação do conselho de curadores do centro, anunciada como unânime pela Casa Branca.
A reação foi rápida e furiosa. Membros da família Kennedy, democratas no Congresso e historiadores acusaram o presidente Trump de desrespeitar a história e agir de forma ilegal. Maria Shriver, sobrinha de JFK, chamou o ato de "bizarro" e "obsessivo de um jeito estranho". A deputada democrata Joyce Beatty, membro ex-officio do conselho, contestou a narrativa de unanimidade, alegando que foi silenciada durante a votação quando tentou se opor.
A renomeação não foi um evento isolado, mas o ápice de uma tomada de controle metódica da instituição. Em fevereiro, Trump reformulou completamente o conselho administrativo do Kennedy Center, substituindo-o por aliados como Usha Vance (esposa do vice-presidente) e sua chefe de Gabinete, Suzie Wiles. Ele próprio foi empossado como presidente do conselho. Este grupo, então, aprovou a adição de seu nome ao do memorial.
Trump se disse "surpreso" e "honrado" pela decisão do conselho que ele mesmo preside e remodelou. Sua secretária de imprensa, Karoline Leavitt, justificou a mudança pelo "trabalho incrível" do presidente em "salvar o prédio", prometendo que o local alcançaria "novos níveis de sucesso e grandeza".
O cerne da polêmica é jurídico. O Kennedy Center não é uma instituição privada; foi criado e batizado por um ato do Congresso em 1964 como um memorial permanente ao presidente John F. Kennedy. Especialistas em direito constitucional afirmam que, por isso, somente o Congresso teria autoridade para alterar seu nome.
David Super, professor da Faculdade de Direito de Georgetown, foi categórico: "Não há absolutamente nenhuma maneira de eles fazerem isso legalmente". Uma lei federal de 1983 ainda determina que nenhum memorial ou placa adicional de caráter memorial deve ser instalado nas áreas públicas do centro. Líderes democratas no Congresso já sinalizaram que contestarão a medida.
Além da ilegalidade, a ação foi ridicularizada por outro motivo. O novo nome transforma o local em um "memorial" a Donald Trump, um presidente em exercício. Críticos nas redes sociais e especialistas brincaram com a impropriedade do termo, que normalmente homenageia figuras falecidas. "Não precisamos estar mortos para ter um memorial?", questionou um usuário, enquanto outro ironizou: "Alguém explicou a ele o que 'memorial' significa?".
Joe Kennedy III, ex-congressista e sobrinho-neto de JFK, resumiu o sentimento de muitos ao comparar: "Ele não pode ser renomeado, assim como ninguém pode renomear o Lincoln Memorial, não importa o que digam".
Este episódio não é uma exceção, mas parte de um padrão documentado de autopromoção de Trump em espaços federais. A reportagem do G1 que originou esta nota menciona que, paralelamente, o ex-presidente:
A renomeação do Kennedy Center, no entanto, é vista como o movimento mais ousado e institucionalmente agressivo neste sentido, por atingir um memorial de status nacional consagrado por lei.
Com informações de: G1 - Globo, CNN Brasil, CNN International, Fox LA, Yahoo News.
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