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"Cessar-fogo de Gaza não está completo", diz primeiro-ministro do Catar
Forças israelenses ainda permanentes no território palestino fragilizam o acordo e expõem alta letalidade na área conflagrada
Oriente-Medio
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■   Bernardo Cahue, 06/12/2025

Em discurso durante o Fórum de Doha, o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman al Thani, afirmou que os mediadores do cessar-fogo vivem um "momento crítico" e que o acordo não estará completo sem a "retirada total" das forças israelenses de Gaza.

Um acordo frágil e em fases

O atual cessar-fogo, em vigor desde 10 de outubro de 2025, segue uma arquitetura complexa e negociada ponto a ponto. Ele pôs fim em grande parte a dois anos de combates intensos, que começaram com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

Este não é o primeiro acordo do gênero. Em janeiro de 2025, um cessar-fogo temporário entrou em vigor, estruturado em três fases principais:

  1. Fase 1: Troca de reféns e prisioneiros, entrada de ajuda humanitária e retirada gradual israelense.
  2. Fase 2: Estabelecimento de um cessar-fogo permanente e libertação de reféns do sexo masculino.
  3. Fase 3: Repatriação dos restos mortais dos reféns falecidos e início da reconstrução.

No entanto, esse acordo anterior colapsou em 18 de março de 2025 após acusações mútuas de violações, com Israel retomando os ataques aéreos. O plano atual, mediado por Catar, Egito, Turquia e EUA, tenta evitar o mesmo destino, mas a retirada total de Israel é um ponto de discórdia histórico.

O limbo na prática: violações e tensão constante

Apesar do cessar-fogo, a violência não cessou completamente. A situação tem sido descrita como um limbo entre a guerra e a paz. Mesmo após o acordo de outubro, ataques aéreos israelenses continuaram a ocorrer, resultando em dezenas de mortes palestinas.

Somente em uma ofensiva em novembro, pelo menos 32 palestinos foram mortos, incluindo 12 crianças e 8 mulheres, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O Hamas classificou esses episódios como uma "escalada perigosa" e uma violação do acordo. Israel, por sua vez, justificou as ações como resposta a ataques contra seus soldados.

A crise humanitária catastrófica e o desafio da reconstrução

O custo humano dos dois anos de guerra é avassalador e cria um pano de fundo desolador para qualquer esforço de paz:

  • Vítimas: Mais de 70 mil palestinos mortos, sendo 70% mulheres e crianças, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza considerados fiéis pela ONU. Do lado israelense, o ataque de 7 de outubro de 2023 resultou em cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
  • Fome e deslocamento: A ONU alertou que meio milhão de pessoas enfrentaram condições de fome catastróficas em 2025, uma situação "inteiramente provocada pelo Homem". Cerca de 90% da população de 2,1 milhões foi deslocada.
  • Obstáculos invisíveis: A reconstrução é dificultada por um nível "imenso" de contaminação por explosivos não detonados entre os escombros. Especialistas alertam que civis se ferem ao tentar recolher itens básicos ou são forçados a viver em áreas perigosas por falta de opções.

Os impasses para um futuro estável

A declaração do primeiro-ministro do Catar reflete os principais nós a serem desatados para que a trégua se transforme em uma paz duradoura. As condições do Hamas para um acordo final incluem:

  • Cessar-fogo permanente e retirada completa de Israel.
  • Entrada irrestrita de ajuda humanitária.
  • Retorno dos deslocados e reconstrução total.

Israel, por outro lado, exige o desarmamento do Hamas, algo que o grupo rejeita. Paralelamente, discute-se a formação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) para atuar em Gaza, com até 20.000 soldados, conforme um plano associado à administração Trump. No entanto, países árabes têm mostrado relutância em participar dessa força.

O caminho à frente permanece incerto. Enquanto os mediadores trabalham nos detalhes da próxima fase, a população de Gaza continua presa na urgência da ajuda humanitária e no temor de um retorno à guerra total, aguardando um fim definitivo para um conflito que já dura mais de dois anos.

Com informações de: Público, Wikipedia, Notícias ao Minuto, CNN Brasil, United Nations, GaúchaZH, Vatican News, Al Jazeera, G1, Yahoo Noticias ■