Siga nossas redes sociais | ![]() | Siga nossos canais |
Em um movimento considerado "extraordinário" pela Presidência de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu formalizou, neste domingo (30), um pedido de indulto ao presidente Isaac Herzog. A solicitação ocorre enquanto o premiê responde a três processos criminais por corrupção, tornando-se o primeiro chefe de governo em exercício na história do país a ir a julgamento.
De acordo com comunicados divulgados pelos gabinetes do primeiro-ministro e do presidente, o pedido é composto por dois documentos: uma carta detalhada assinada pelos advogados de defesa e outra pelo próprio Netanyahu. O material será analisado pelo Ministério da Justiça antes de ser submetido ao assessor jurídico da Presidência para pareceres finais.
Em uma declaração em vídeo, Netanyahu justificou o pedido, argumentando que o longo julgamento "dividiu o país" e que um perdão ajudaria a "restaurar a unidade nacional". Ele também alegou que a necessidade de comparecer ao tribunal três vezes por semana atua como uma distração que dificulta sua capacidade de governar Israel em um momento complexo.
As acusações que fundamentam o julgamento de Netanyahu remontam a 2019, quando ele foi formalmente indiciado por suborno, fraude e quebra de confiança em três casos distintos. Os processos, conhecidos como Caso 1000, Caso 2000 e Caso 4000, envolvem as seguintes alegações:
Netanyahu nega veementemente todas as acusações e se declarou inocente, afirmando acreditar que o julgamento resultará em sua absolvição total.
O pedido de indulto ocorre em um contexto político sensível. O julgamento já havia polarizado a sociedade israelense antes da guerra em Gaza, levando a protestos em massa em 2023 contra uma proposta de reforma judicial vista por críticos como uma tentativa de Netanyahu de enfraquecer o sistema judiciário.
O processo também ganhou um dimensão internacional. O pedido de Netanyahu surge poucas semanas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter enviado uma carta pública ao presidente Herzog incentivando a concessão de um indulto. Na carta, Trump descreveu o processo judicial como uma "perseguição política e injustificada" e elogiou Netanyahu como um aliado que "lutou ao seu lado" contra adversários comuns, como o Irã.
Enquanto aguarda a decisão sobre o indulto, o julgamento de Netanyahu continua, sem previsão de um veredito final. De acordo com a lei israelense, um primeiro-ministro não é obrigado a renunciar a menos que seja condenado e esgote todos os recursos possíveis, um processo que poderia levar anos.
O líder da oposição, Yair Lapid, já reagiu ao pedido, exigindo que Netanyahu se declare culpado, expresse arrependimento e se retire da vida política como condições para qualquer perdão. A decisão final agora está nas mãos do presidente Herzog, que possui poderes cerimoniais, mas tem a autoridade para perdoar criminosos condenados com base em circunstâncias incomuns.
Com informações de: G1, CNN Brasil, UOL, Veja, Pew Research Center, Gallup, BBC ■