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Netanyahu pede indulto presidencial em meio a julgamento por corrupção
Pedido, classificado como "extraordinário" pela Presidência, argumenta que o processo judicial prejudica a capacidade de governar e divide o país
Oriente-Medio
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSVb-r8bgFCfeOLUfUQ5H54pbYwln6kS6O9YQ&s
■   Bernardo Cahue, 30/11/2025

Em um movimento considerado "extraordinário" pela Presidência de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu formalizou, neste domingo (30), um pedido de indulto ao presidente Isaac Herzog. A solicitação ocorre enquanto o premiê responde a três processos criminais por corrupção, tornando-se o primeiro chefe de governo em exercício na história do país a ir a julgamento.

De acordo com comunicados divulgados pelos gabinetes do primeiro-ministro e do presidente, o pedido é composto por dois documentos: uma carta detalhada assinada pelos advogados de defesa e outra pelo próprio Netanyahu. O material será analisado pelo Ministério da Justiça antes de ser submetido ao assessor jurídico da Presidência para pareceres finais.

Em uma declaração em vídeo, Netanyahu justificou o pedido, argumentando que o longo julgamento "dividiu o país" e que um perdão ajudaria a "restaurar a unidade nacional". Ele também alegou que a necessidade de comparecer ao tribunal três vezes por semana atua como uma distração que dificulta sua capacidade de governar Israel em um momento complexo.

Os três casos de corrupção

As acusações que fundamentam o julgamento de Netanyahu remontam a 2019, quando ele foi formalmente indiciado por suborno, fraude e quebra de confiança em três casos distintos. Os processos, conhecidos como Caso 1000, Caso 2000 e Caso 4000, envolvem as seguintes alegações:

  • Caso 1000: Netanyahu e sua esposa, Sara, são acusados de receber cerca de US$ 200 mil em presentes de luxo, incluindo charutos e champanhe, de empresários abastados em troca de favores políticos.
  • Caso 2000: O premiê é acusado de negociar com o editor de um grande jornal um acordo para prejudicar um concorrente em troca de uma cobertura midiática mais favorável.
  • Caso 4000: Considerado o mais grave, Netanyahu é acusado de ter concedido favores regulatórios que beneficiaram uma empresa de telecomunicações em centenas de milhões de dólares. Em troca, ele teria buscado cobertura positiva para si e para sua esposa em um site de notícias controlado pelo então presidente da empresa.

Netanyahu nega veementemente todas as acusações e se declarou inocente, afirmando acreditar que o julgamento resultará em sua absolvição total.

Contexto político e influência externa

O pedido de indulto ocorre em um contexto político sensível. O julgamento já havia polarizado a sociedade israelense antes da guerra em Gaza, levando a protestos em massa em 2023 contra uma proposta de reforma judicial vista por críticos como uma tentativa de Netanyahu de enfraquecer o sistema judiciário.

O processo também ganhou um dimensão internacional. O pedido de Netanyahu surge poucas semanas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter enviado uma carta pública ao presidente Herzog incentivando a concessão de um indulto. Na carta, Trump descreveu o processo judicial como uma "perseguição política e injustificada" e elogiou Netanyahu como um aliado que "lutou ao seu lado" contra adversários comuns, como o Irã.

Próximos passos e reações

Enquanto aguarda a decisão sobre o indulto, o julgamento de Netanyahu continua, sem previsão de um veredito final. De acordo com a lei israelense, um primeiro-ministro não é obrigado a renunciar a menos que seja condenado e esgote todos os recursos possíveis, um processo que poderia levar anos.

O líder da oposição, Yair Lapid, já reagiu ao pedido, exigindo que Netanyahu se declare culpado, expresse arrependimento e se retire da vida política como condições para qualquer perdão. A decisão final agora está nas mãos do presidente Herzog, que possui poderes cerimoniais, mas tem a autoridade para perdoar criminosos condenados com base em circunstâncias incomuns.

Com informações de: G1, CNN Brasil, UOL, Veja, Pew Research Center, Gallup, BBC ■