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Israel alega 'condições climáticas' após tiros contra forças de paz da ONU
Uma investigação da UNIFIL confirmou que Israel construiu muros dentro do território libanês, violando a soberania do país e a resolução do Conselho de Segurança da ONU; o exército israelense nega as alegações
Oriente-Medio
Foto: https://admin.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2024/10/8291538132_04247f29be_o-e1728926237791.jpg?w=864
■   Bernardo Cahue, 16/11/2025

Em um incidente que aumentou as tensões no sul do Líbano, forças de paz da ONU confirmaram que o Exército israelense construiu muros de concreto que atravessam a fronteira internacional, tornando milhares de metros quadrados de território libanês inacessíveis para a população local. A alegação foi feita pela Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), que instou Israel a se retirar da área.

Violação da Linha Azul

De acordo com a UNIFIL, peacekeepers conduziram uma pesquisa geospacial em outubro e novembro de 2025 para verificar a localização das construções israelenses. A investigação confirmou que pelo menos duas seções de um muro em forma de 'T' ultrapassaram a chamada Linha Azul, a fronteira de fato entre os dois países:

  • Um muro a sudoeste de Yaroun cruzou a Linha Azul, tornando mais de 4.000 metros quadrados de território libanês inacessível.
  • Uma segunda seção do muro, a sudeste de Yaroun, também foi confirmada como cruzando a fronteira internacional.
  • Apenas uma nova construção entre Aytaroun e Maroun ar Ras estava localizada ao sul da Linha Azul, em território israelense.

A UNIFIL classificou essas ações como violações da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e da soberania e integridade territorial do Líbano.

A Resposta Israelense

Questionado sobre as alegações, o Exército israelense emitiu uma negativa, afirmando que o muro não ultrapassa a Linha Azul. Um porta-voz militar explicou que a construção faz parte de um plano mais amplo, cujas obras começaram em 2022, e que, desde o início da guerra, o exército implementou uma série de medidas incluindo o "reforço da barreira física ao longo da fronteira norte".

Contexto de Tensões Crescentes

Este incidente ocorre em um momento de frágil cessar-fogo entre Israel e o grupo Hezbollah, vigente desde o ano anterior. Apesar do acordo, que pausou bombardeios e combates terrestres:

  • As forças israelenses continuaram a realizar ataques no sul do Líbano, alegando atingir alvos ligados à infraestrutura militar do Hezbollah.
  • O Hezbollah, por sua vez, se recusa a aceitar um desarmamento completo, como exigido por Israel e Estados Unidos, argumentando que o acordo de cessar-fogo se aplica apenas ao sul do Líbano.
  • O grupo, que antes da guerra era considerado a maior força militar não-estatal do planeta, apoiou o Hamas durante o conflito em Gaza lançando centenas de mísseis contra o norte de Israel.

A UNIFIL reiterou seu chamado a todas as partes para se comprometerem totalmente com a cessação de hostilidades e lembra que a extensão da autoridade do Estado libanês por meio de suas instituições está no cerne da Resolução 1701. A situação permanece volátil, com a presença e construção israelense em território libanês representando um desafio direto à estabilidade regional e ao direito internacional.

Com informações de UNIFIL, O Globo. ■