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Líbano acusa Israel de construir muro em seu território e planeja queixa na ONU
Governo libanês alega que estrutura de concreto torna áreas do país inacessíveis e viola resolução internacional; Israel nega veementemente a transgressão
Oriente-Medio
Foto: https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/ef1f/live/ac54e730-6e92-11ee-a503-4588075e3427.jpg.webp
■   Bernardo Cahue, 15/11/2025

Uma nova disputa fronteiriça entre Líbano e Israel surge no cenário internacional, com o governo libanês planejando apresentar uma queixa formal às Nações Unidas. A alegação é de que as forças israelenses construíram um muro em território libanês, tornando milhares de metros quadrados inacessíveis à população local e violando a soberania do país. Israel, por sua vez, nega que a construção tenha ultrapassado a "Linha Azul", a fronteira de facto estabelecida pela ONU.

A Denúncia Libanesa e a Posição da ONU

De acordo com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), que inspecionou a área, um muro de concreto em forma de 'T' foi erguido pelas Forças de Defesa de Israel a sudoeste de Yaroun. A inspeção da ONU confirmou que a estrutura cruzou a Linha Azul, tornando mais de 4.000 metros quadrados de território libanês inacessíveis aos seus moradores. Em comunicado, a UNIFIL instou Israel a se retirar da área.

Stephane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral da ONU, citou informações da força de paz, corroborando que parte de um muro adicional em construção a sudeste de Yaroun também cruzava a linha de fronteira. A UNIFIL foi enfática ao afirmar que "a presença e a construção de Israel em território libanês constituem uma violação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança e da soberania e integridade territorial do Líbano".

A Negação Israelense

Em resposta às acusações, um porta-voz militar israelense negou que o muro cruze a Linha Azul. O exército israelense emitiu um comunicado afirmando que "o muro faz parte de um plano (militar israelense) mais amplo, cuja construção começou em 2022". Eles alegam que, "desde o início da guerra, e como parte das lições aprendidas com ela, o Exército vem implementando uma série de medidas, incluindo o reforço da barreira física ao longo da fronteira norte", mas garantiram que "o muro não ultrapassa a Linha Azul".

A Resolução 1701 e o Contexto do Conflito

O cerne desta disputa está na Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, adotada em 2006 para pôr fim à guerra entre Israel e o grupo Hezbollah no Líbano. Esta resolução é o principal instrumento legal para manter a paz na região e estabelece, entre seus elementos-chave:

  • O fim completo das hostilidades.
  • O respeito integral pela Linha Azul por ambas as partes.
  • O apoio a uma área livre de qualquer pessoal, ativos e armas armados a sul do Rio Litani, exceto pelas autoridades libanesas e pela UNIFIL.
  • O desarmamento de todos os grupos armados no Líbano, uma referência clara ao Hezbollah.

A UNIFIL tem o mandato de monitorar a cessação das hostilidades e reportar quaisquer violações. "Qualquer cruzamento da Linha Azul por qualquer lado constitui uma violação" desta resolução. A tensão atual ocorre em um contexto de violações recorrentes de ambos os lados. O governo libanês alega que Israel violou a resolução milhares de vezes com incursões aéreas, enquanto Israel acusa o Líbano de permitir que o Hezbollah se rearme e mantenha sua presença armada no sul do país, o que também viola a resolução.

Implicações e Próximos Passos

Esta disputa específica sobre o muro fronteiriço adiciona uma camada de complexidade a um cenário já instável. A queixa formal do Líbano junto à ONU buscará pressionar Israel por meio de canais diplomáticos internacionais. Enquanto isso, a UNIFIL continua atuando como mediadora e fiscal temporária da Linha Azul, mas sua capacidade de impor uma solução é limitada, dependendo da cooperação das partes.

O desfecho deste impasse pode impactar diretamente a frágil calma que se seguiu ao cessar-fogo de 2024. A incapacidade de resolver disputas fronteiriças fundamentais mantém a região em um estado de tensão latente, com civis libaneses e israelenses sofrendo as consequências do conflito prolongado.

Com informações de Agencia Brasil, AP News, The Jerusalem Post, O Globo, Vietnam.vn e Amnistia Portugal. ■