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Uma nova disputa fronteiriça entre Líbano e Israel surge no cenário internacional, com o governo libanês planejando apresentar uma queixa formal às Nações Unidas. A alegação é de que as forças israelenses construíram um muro em território libanês, tornando milhares de metros quadrados inacessíveis à população local e violando a soberania do país. Israel, por sua vez, nega que a construção tenha ultrapassado a "Linha Azul", a fronteira de facto estabelecida pela ONU.
De acordo com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), que inspecionou a área, um muro de concreto em forma de 'T' foi erguido pelas Forças de Defesa de Israel a sudoeste de Yaroun. A inspeção da ONU confirmou que a estrutura cruzou a Linha Azul, tornando mais de 4.000 metros quadrados de território libanês inacessíveis aos seus moradores. Em comunicado, a UNIFIL instou Israel a se retirar da área.
Stephane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral da ONU, citou informações da força de paz, corroborando que parte de um muro adicional em construção a sudeste de Yaroun também cruzava a linha de fronteira. A UNIFIL foi enfática ao afirmar que "a presença e a construção de Israel em território libanês constituem uma violação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança e da soberania e integridade territorial do Líbano".
Em resposta às acusações, um porta-voz militar israelense negou que o muro cruze a Linha Azul. O exército israelense emitiu um comunicado afirmando que "o muro faz parte de um plano (militar israelense) mais amplo, cuja construção começou em 2022". Eles alegam que, "desde o início da guerra, e como parte das lições aprendidas com ela, o Exército vem implementando uma série de medidas, incluindo o reforço da barreira física ao longo da fronteira norte", mas garantiram que "o muro não ultrapassa a Linha Azul".
O cerne desta disputa está na Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, adotada em 2006 para pôr fim à guerra entre Israel e o grupo Hezbollah no Líbano. Esta resolução é o principal instrumento legal para manter a paz na região e estabelece, entre seus elementos-chave:
A UNIFIL tem o mandato de monitorar a cessação das hostilidades e reportar quaisquer violações. "Qualquer cruzamento da Linha Azul por qualquer lado constitui uma violação" desta resolução. A tensão atual ocorre em um contexto de violações recorrentes de ambos os lados. O governo libanês alega que Israel violou a resolução milhares de vezes com incursões aéreas, enquanto Israel acusa o Líbano de permitir que o Hezbollah se rearme e mantenha sua presença armada no sul do país, o que também viola a resolução.
Esta disputa específica sobre o muro fronteiriço adiciona uma camada de complexidade a um cenário já instável. A queixa formal do Líbano junto à ONU buscará pressionar Israel por meio de canais diplomáticos internacionais. Enquanto isso, a UNIFIL continua atuando como mediadora e fiscal temporária da Linha Azul, mas sua capacidade de impor uma solução é limitada, dependendo da cooperação das partes.
O desfecho deste impasse pode impactar diretamente a frágil calma que se seguiu ao cessar-fogo de 2024. A incapacidade de resolver disputas fronteiriças fundamentais mantém a região em um estado de tensão latente, com civis libaneses e israelenses sofrendo as consequências do conflito prolongado.
Com informações de Agencia Brasil, AP News, The Jerusalem Post, O Globo, Vietnam.vn e Amnistia Portugal. ■