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Em uma reunião realizada em Istambul, chanceleres de sete países muçulmanos defenderam de forma unânime que o futuro da Faixa de Gaza deve ser determinado exclusivamente pelos palestinos, rejeitando qualquer modelo de tutela ou controle externo sobre o território. O encontro, que discutiu os desdobramentos do frágil cessar-fogo na região, incluiu nações-chave do mundo islâmico e membros da Organização de Cooperação Islâmica (OCI).
O bloco é formado por Turquia, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Paquistão e Indonésia. Após o encontro, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, foi enfático ao declarar que "o povo palestino deve se autogovernar e garantir sua própria segurança". Ele também destacou a necessidade "urgente" de reconstruir Gaza e permitir o retorno dos deslocados, sem a imposição de "um novo sistema de tutela".
A posição desses países surge no contexto do plano de paz proposto pelo então presidente americano Donald Trump, que prevê, entre outros pontos, o desarmamento do Hamas e o estabelecimento de uma força internacional de estabilização em Gaza. No entanto, a visão dessas sete nações muçulmanas coloca-se em contraste com partes desse plano, enfatizando a soberania palestina acima de estruturas de segurança lideradas por forças estrangeiras.
O rei Abdullah II da Jordânia, em entrevista à BBC, já havia expressado ceticismo sobre o papel de uma força internacional, afirmando que se sua missão for "impor a paz, ninguém vai querer tocar nisso". Ele defendeu que a comunidade internacional deve dar suporte a uma força policial local palestina, treinada pela Jordânia e pelo Egito, em vez de assumir funções de patrulha armada.
A defesa do autogoverno esbarra na complexa realidade de Gaza. O Hamas, que governou o território com mão de ferro por quase 20 anos, demonstrou, logo após o cessar-fogo, estar determinado a reafirmar sua autoridade, com relatos de execuções sumárias de opositores e membros de clãs rivais.
Enquanto alguns moradores de Gaza, exaustos após dois anos de guerra e colapso da lei e da ordem, veem a volta do Hamas como uma opção para conter a anarquia das gangues, outros são veementemente contra a permanência do grupo. Esta divisão ilustra o enorme desafio de se construir uma estrutura de governo palestina unificada e estável para Gaza.
Os países reunidos em Istambul também apontaram para a necessidade de uma reconciliação entre o Hamas e a Autoridade Palestina, liderada por Mahmoud Abbas, como um passo fundamental para fortalecer a representação palestina perante o mundo. Apesar das declarações de princípio, a implementação de um governo puramente palestino para Gaza ainda depende de negociações complexas e da superação de profundas divisões internas e externas.
Com informações de: BBC, UOL, O Globo, Em Tempo. ■