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Sde Teiman e Auschwitz: paralelos históricos sombrios envolvendo o judaísmo
Descoberta de 135 corpos de palestinos mortos, mutilados e torturados na prisão de Israel remonta os horrores do holocausto nos campos de concentração nazistas
Artigo
Foto: https://ogimg.infoglobo.com.br/in/21462728-c85-44c/FT1086A/suastica.jpg
■   Bernardo Cahue, 20/10/2025

A foto com uma suástica pichada dentro da estrela de Davi na fachada do Clube Israelita Brasileiro de Copacabana em 2017 pode ter sido à época apenas uma provocação que remonta os horrores da guerra e do Holocausto que vitimou milhares de judeus durante a década de 1940. Porém, nos dias atuais, retrata bem um paralelo assustador entre os atuais algozes do horror no Oriente Médio, com práticas que remontam o mesmo Holocausto dos campos de concentração dos quais foram vítimas e se resumem a dois nomes em paralelo: Sde Teiman e Auschwitz.

Em uma revelação que trouxe à tona esses fantasmas históricos, autoridades de Gaza relataram a descoberta de pelo menos 135 corpos de palestinos mutilados mantidos em uma prisão israelense. Esta situação atual reacende comparações dolorosas com os horrores dos campos de concentração nazistas, onde a desumanização e a tortura eram práticas sistêmicas.

O Sistema Nazista: A Máquina de Extermínio e Experimentação

Auschwitz-Birkenau representou o ápice do sistema de extermínio industrializado nazista, onde aproximadamente 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas, a grande maioria judeus. Os nazistas criaram um aparato burocrático-metodológico para o genocídio, utilizando câmaras de gás com Zyklon B e fornos crematórios projetados para processar milhares de cadáveres diariamente.

Os experimentos médicos nazistas representaram um dos capítulos mais sombrios deste período. Sob a direção de Josef Mengele em Auschwitz, mais de 1.500 gêmeos foram submetidos a experimentos genéticos brutais, incluindo injeções de produtos químicos nos olhos para mudar sua cor e tentativas de costurar gêmeos para criar siameses. Apenas cerca de 200 desses gêmeos sobreviveram aos procedimentos.

Outros experimentos incluíam:

  • Testes de congelamento/hipotermia onde prisioneiros eram colocados em tanques de água gelada por até três horas ou expostos nus a temperaturas abaixo de zero
  • Experimentos com malária onde detentos saudáveis eram infectados para testar tratamentos, resultando em mais de 500 mortes
  • Testes com gás mostarda que causavam queimaduras químicas graves
  • Experimentos de esterilização em massa usando radiação e drogas

Sde Teiman: Relatos Contemporâneos de Desumanização

Os recentes relatos de corpos mutilados de palestinos mantidos em instalações israelenses sugerem práticas perturbadoramente similares à desumanização sistemática praticada pelos nazistas. A situação atual em Gaza, descrita como um cerco total onde "as fronteiras estão todas controladas e a ajuda não entra sem autorização", ecoa o isolamento e a despersonalização que caracterizaram os guetos e campos de concentração nazistas.

Organizações internacionais têm documentado violações graves do direito internacional no conflito atual, com especialistas apontando que "as ações de Israel em Gaza [são] caracterizadas como violações graves do Direito Internacional". Esta avaliação profissional corrobora os paralelos com as violações sistemáticas dos direitos humanos perpetradas pelo regime nazista.

Mecanismos de Desumanização: Do Passado ao Presente

Os processos psicológicos e burocráticos que permitiram o Holocausto parecem encontrar ecos contemporâneos. Theodor Adorno identificou a "incapacidade para a identificação" com os demais seres humanos e a "indiferença frente ao destino do outro" como condições psicológicas cruciais que tornaram Auschwitz possível. Esta análise mantém relevância atual quando examinamos a retórica e práticas desumanizadoras contra palestinos.

A conversão do sofrimento humano em abstração estatística - seja nos relatórios meticulosos dos nazistas sobre números de vítimas seja na atual contabilidade de baixas palestinas - representa um mecanismo burocrático comum que permite a perpetuação de violências em massa.

As Lições Não Aprendidas da História

Quando sobreviventes do Holocausto como Veronika Cohen, que nasceu no gueto de Budapeste em 1944, sentem-se compelidas a protestar contra as condições de detenção de palestinos como Khalida Jarrar, que foi mantida em "condições desumanas", fica evidente que os paralelos históricos não passaram despercebidos para aqueles que vivenciaram traumas similares.

O debate sobre a comparabilidade histórica é complexo, mas como observa o texto "O Holocausto e seus usos" do LEHG-UNICAMP, "qualquer comparação entre o extermínio de judeus pelos nazistas e outros eventos de violência extrema contra grupos ou conjuntos serializados de indivíduos é sumariamente recusada", bloqueando o pensamento sobre a possibilidade de que "algo do mesmo tipo se repita" sob condições sociais e psíquicas similares.

Os relatos de mutilações e tratamento desumano em instalações israelenses, quando contextualizados pelas experiências históricas dos campos nazistas, sugerem que os mecanismos fundamentais da violência estatal sistemática - desumanização, tortura, experimentação e burocratização do sofrimento - podem se manifestar em diferentes contextos históricos, exigindo de nós uma vigilância ética constante.

Com informações de CNN Portugal, Wikipédia, Marefa, IGE Unicamp, Causa Operária. ■