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Jornalista palestino Saleh Aljafarawi é morto a tiros em confrontos na Cidade de Gaza
O jovem de 28 anos, conhecido por documentar a guerra, foi executado durante cobertura de choques entre milícias locais ligadas à Israel e o grupo Hamas
Oriente-Medio
Foto: https://www.aljazeera.com/wp-content/uploads/2025/01/873A2177-copy-1737059032.jpg?resize=770%2C513&quality=80
■   Bernardo Cahue, 13/10/2025

O jornalista e influenciador digital palestino Saleh Aljafarawi, de 28 anos, foi morto a tiros no domingo (12) durante confrontos no bairro de Sabra, na Cidade de Gaza. A morte ocorre dias após um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mas em um contexto de vacúo de segurança e violência entre facções armadas na região.

De acordo com fontes palestinas e relatos da mídia local, Aljafarawi foi executado enquanto cobria os embates. Informações de veículos como Al Jazeera e TRT World indicam que ele foi alvejado por membros de uma milícia armada com supostos vínculos a Israel, conhecida como clã Doghmush, que estaria em conflito com forças de segurança do Hamas.

Imagens do corpo de Aljafarawi, vestindo um colete à prova de balas claramente marcado com a palavra "imprensa", circularam amplamente nas redes sociais. Testemunhas e o próprio Ministério do Interior do Gaza relataram que os choques na área envolveram "uma milícia armada afiliada à ocupação [israelense]".

Quem era Saleh Aljafarawi

Saleh Aljafarawi era uma figura proeminente nas redes sociais, tendo ganhado notoriedade ao documentar o dia a dia e os estragos da guerra em Gaza. Ele acumulou um grande número de seguidores com seus vídeos crus, que mostravam a realidade dos civis no território sitiado.

Em seu último testamento, divulgado postumamente, Aljafarawi escreveu: "Exorto-vos a permanecerem firmes na resistência - no caminho que percorremos e na causa em que acreditamos. Não conhecemos nenhuma outra forma para nós mesmos, nem encontramos qualquer significado na vida exceto permanecendo firmes nela".

O jornalista já havia expressado publicamente sentir sua vida estar em perigo. Em entrevista à Al Jazeera em janeiro, ele declarou: "Honestamente, eu vivia com medo a cada segundo, especialmente depois de ouvir o que o ocupação israelense estava dizendo sobre mim. Eu vivia a vida segundo a segundo, sem saber o que o próximo segundo traria".

Contexto de insegurança

A morte de Aljafarawi ilustra a precária situação de segurança em Gaza, mesmo após o anúncio do cessar-fogo. Autoridades locais alertam que o vácuo de poder tem sido explorado por grupos armados rivais.

Estes grupos, descritos como milícias ou clãs armados, têm disputado o controle de territórios e se envolvido em confrontos violentos com as forças do Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007.

Jornalistas sob risco

A morte de Saleh Aljafarawi integra uma trágica estatística: o conflito em Gaza é o mais letal da história para profissionais da imprensa.

  • Mais de 270 jornalistas e trabalhadores de mídia foram mortos em Gaza desde outubro de 2023, de acordo com o site de monitoramento Shireen.ps.
  • Este número significa que, em média, 13 jornalistas foram mortos a cada mês durante os 22 meses de guerra.
  • O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) alerta que essas mortes criam um "vazio informativo" que pode fazer com que possíveis crimes de guerra fiquem sem registro.

Com informações de: Al Jazeera Gaza, Middle East Eye, Al Jazeera, The Jerusalem Post, Breitbart, The National News, TRT World, Indiatimes, Azat.tv ■