Conversas indiretas no Cairo buscam destravar libertação de reféns e futuro de Gaza, com partes otimistas, mas posições ainda divergentes em pontos cruciais
Nesta segunda-feira (6), delegações de Israel e do Hamas iniciam no Egito uma nova rodada de negociações indiretas para tentar pôr fim a quase dois anos de guerra na Faixa de Gaza. As tratativas, mediadas por Egito, Catar e Estados Unidos, têm como base o plano de paz de 20 pontos apresentado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e ocorrem sob um senso de urgência, na véspera do segundo aniversário do conflito.
As expectativas das partes envolvidas revelam otimismo cauteloso, mas também divergências profundas que precisam ser superadas:
- Estados Unidos: Donald Trump adotou um tom publicamente confiante, afirmando que as negociações estão "avançando rapidamente" e que a primeira fase do acordo – a libertação dos reféns – "deverá estar concluída esta semana". Ele e o secretário de Estado, Marco Rubio, pressionaram Israel para interromper os bombardeios em Gaza, argumentando que a retirada dos reféns não pode ocorrer sob fogo. A administração americana vê este momento como a melhor oportunidade para uma paz mais ampla no Oriente Médio.
- Israel: O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu expressou esperança de que todos os reféns possam ser libertados "nos próximos dias" e enviou uma delegação ao Egito No entanto, ele estabeleceu uma condição dura: Israel não cumprirá nenhum dos outros termos do acordo até que todos os reféns, vivos e mortos, tenham cruzado a fronteira de Gaza. Netanyahu também afirmou que, independentemente de qualquer acordo, as tropas israelenses permanecerão na maior parte de Gaza.
- Hamas: O grupo confirmou sua disposição de "libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos" e de entregar a administração de Gaza a um corpo de tecnocratas palestinos. No entanto, sua resposta ao plano Trump foi parcial, aceitando apenas três dos 20 pontos, e omissão em questões críticas como seu próprio desarmamento e a supervisão internacional de Gaza. O Hamas insiste que fará parte de uma futura estrutura de governança palestina, contrariando uma exigência central dos EUA e de Israel.
Os principais pontos do plano Trump em discussão incluem :
- Fim imediato da guerra e cessar-fogo permanente.
- Libertação de todos os reféns em até 72 horas, em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos.
- Retirada gradual das forças israelenses de Gaza.
- Entrega do poder em Gaza a políticos palestinos independentes (tecnocratas), sob a supervisão de um "Conselho da Paz" internacional presidido por Trump.
- Desmilitarização de Gaza e desarmamento do Hamas, com anistia para membros que se renderem.
Os obstáculos a serem superados são significativos. A desconfiança entre as partes permanece profunda, com o Hamas temendo que Israel abandone as tratativas após a libertação dos reféns, e Israel relutante em ceder enquanto o grupo mantém seu poder. Enquanto as conversas diplomáticas se desenrolam, os combates no terreno continuaram, com o Hamas denunciando os bombardeios israelenses contínuos. O sucesso final do acordo dependerá da capacidade dos mediadores em destravar essas questões complexas e da vontade política de Israel e do Hamas em encerrar um conflito que já causou dezenas de milhares de mortos.
Com informações de: BBC, CNN Brasil, Empresa Brasil de Comunicação, Expresso, Gauchazh, G1, Valor Econômico, Veja. ■