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Israel deporta Greta Thunberg e 170 ativistas em meio a denúncias de maus-tratos e humilhações
Ativistas relatam ter sido tratados "como animais", com casos de agressões físicas e psicológicas; Greta Thunberg teria sido forçada a beijar bandeira de Israel e mantida em cela infestada de percevejos
Oriente-Medio
Foto: https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2025/10/G2k3o7cXYAAQwT6.jpg?quality=70&strip=info&w=414&h=280&crop=1
■   Bernardo Cahue, 06/10/2025

O governo de Israel deportou nesta segunda-feira (6) a ativista sueca Greta Thunberg e outros 170 ativistas que integravam a Flotilha Global Sumud, que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. A ação eleva para 340 o total de deportados, mas o processo ocorre sob acusações graves de maus-tratos e conduta degradante por parte das autoridades israelenses.

Relatos de ativistas já deportados descrevem um tratamento violento e humilhante durante a detenção, com a ambientalista sueca de 22 anos sendo apontada como alvo principal dessas ações. As acusações incluem:

  • Agressões físicas: Greta Thunberg teria sido arrastada pelos cabelos e agredida diante de outros detidos.
  • Humilhações e propaganda: Diversos ativistas relataram que a sueca foi forçada a beijar uma bandeira de Israel e, em outro momento, foi envolta no mesmo símbolo nacional e exibida "como um troféu". O ativista brasileiro Nico Calabrese afirmou que "Greta foi a que mais sofreu a humilhação, a provocação constante".
  • Condições precárias de detenção: Em correspondência do Ministério das Relações Exteriores da Suécia, obtida pelo The Guardian, Greta afirmou estar em uma cela infestada de percevejos, com acesso insuficiente a água e comida, e que desenvolveu erupções cutâneas.

O tratamento descrito não se limitou a Thunberg. A ONG israelense Adalah informou que os detidos tiveram direitos básicos desrespeitados, sendo forçados a ajoelhar-se com as mãos atadas por horas, mantidos em celas superlotadas e privados de acesso imediato a advogados, água, medicamentos e banheiros por até 40 horas. Uma mulher muçulmana teria sido obrigada a trocar seu hijab por uma camisa.

As declarações do ministro israelense de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, alimentam a tese de um tratamento propositalmente rigoroso. Ele visitou o local de detenção e, diante dos ativistas, classificou-os como "apoiadores do terrorismo" que merecem "as condições apropriadas para terroristas". Ben-Gvir ainda defendeu que os ativistas deveriam "sentir claramente as condições da detenção" para repensarem futuras ações contra Israel.

O governo israelense nega veementemente todas as acusações. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores as classificou como "mentiras absolutas" e "parte de uma campanha de notícias falsas pré-planejada", garantindo que todos os detidos tiveram acesso a água, comida, banheiros e assistência jurídica, com seus direitos legais integralmente respeitados. Sobre Greta, o governo afirmou que ela se recusou a agilizar sua deportação e não apresentou queixas às autoridades durante a custódia.

A Flotilha Global Sumud, com mais de 40 embarcações, foi interceptada pela marinha israelense na semana passada quando navegava em direção a Gaza, em uma tentativa de romper o bloqueio naval ao território palestino. A ação resultou na detenção de mais de 450 pessoas, incluindo a deputada federal brasileira Luizianne Lins (PT-CE), que permanece custodiada.

Com informações de: DW, Al Jazeera, BBC, G1, Folha de S.Paulo, The Guardian, CNN Brasil. ■