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Em um movimento multifacetado, trabalhadores em todo o globo veem suas condições e direitos serem atacados. Seja pela violência explícita em zonas de conflito, seja por reformas legislativas que retraem garantias históricas, ou ainda por paralisações governamentais que usam o trabalhador como moeda de troca, uma crise de desproteção se alastra. Este artigo examina três cenários distintos desta ofensiva: os ataques letais a trabalhadores humanitários, as reformas administrativas no Brasil e a paralisação orçamentária nos EUA.
O Cenário Mais Cruel: Ataques Letais a Trabalhadores Humanitários
O ano de 2024 foi o mais letal já registrado para os trabalhadores humanitários em todo o mundo, com um recorde de 383 profissionais mortos em serviço em 20 países. Outros 308 ficaram feridos, 125 foram sequestrados e 45 detidos. Os dados das Nações Unidas, divulgados por ocasião do Dia Mundial Humanitário, pintam um quadro sombrio, com 2025 ameaçando superar este triste marco.
Para o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, este aumento representa “uma vergonhosa denúncia da falta de ação e apatia internacionais”. Os conflitos em Gaza e no Sudão são os mais perigosos, com 181 e 60 mortes, respectivamente. O secretário-geral António Guterres ressaltou a clareza do direito internacional: os trabalhadores humanitários devem ser respeitados e protegidos, uma regra que ele descreve como “inegociável”. No entanto, a impunidade e a falta de vontade política para fazer cumprir estas leis continuam alimentando o ciclo de violência.
O Cenário Sutil: A Reforma Administrativa e a Meritocracia no Brasil
Enquanto isso, no Brasil, uma ofensiva de outro tipo se desenrola no Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a proposta de reforma administrativa, que será alvo de amplo debate, tem como objetivo combater privilégios e valorizar servidores. No entanto, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) finalizada pelo relator, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), prevê mudanças profundas que críticos argumentam representar um retrocesso em direitos consolidados.
Os principais pontos da PEC incluem :
A justificativa do relator é modernizar a gestão pública e alinhar o Brasil a práticas internacionais de eficiência. Para os críticos, trata-se de um desmonte do serviço público que substitui a estabilidade por uma precarização disfarçada de meritocracia.
O Cenário Invertido: O "Shutdown" como Greve Imposta nos EUA
Do outro lado do hemisfério, os Estados Unidos vivenciaram uma paralisação do governo – um shutdown – no início de outubro de 2025. O impasse orçamentário entre democratas e republicanos no Congresso levou a uma situação em que cerca de 750 mil funcionários federais foram afastados sem remuneração ou forçados a trabalhar sem saber quando receberiam seus salários.
Esta paralisação reversa, determinada de cima para baixo, funciona como uma "greve partida" imposta aos trabalhadores. Enquanto uma greve tradicional é uma ferramenta de luta dos trabalhadores por melhores condições, o shutdown é uma ferramenta política que usa o bem-estar do funcionalismo e a prestação de serviços públicos como refém. Os impactos são vastos:
Conclusão: A Convergência da Desproteção
Seja pela bala em zonas de conflito, pela caneta em plenários legislativos ou pelo impasse orçamentário em capitais, o resultado para o trabalhador é uma crescente insegurança. Os ataques diretos a humanitários mostram um desrespeito chocante pela vida. As reformas, sob o discurso da modernização, frequentemente corroem a proteção social e a dignidade no trabalho. E os shutdowns revelam como o trabalhador público pode ser transformado em um dano colateral em disputas políticas. São faces distintas de um mesmo fenômeno global: o ataque ao direito de trabalhar com segurança, dignidade e respeito.
Com informações de News UN, Artsoft, G1, Agência Câmara Notícias, ActionAid, O Globo, Gazeta do Povo, Smart News SC. ■