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Em um dia marcado por esperanças de um acordo de paz, a violência na Faixa de Gaza seguiu inabalável. Nesta sexta-feira (3), enquanto o grupo Hamas anunciava sua disposição em aceitar o plano de cessar-fogo dos Estados Unidos e libertar todos os reféns, ataques israelenses matavam pelo menos 73 palestinos. O contraste brutal entre a diplomacia e a realidade no terreno expõe a fragilidade das negociações e a crise humanitária em curso.
A onda de ataques recentes não poupou civis. Um dos episódios mais graves ocorreu quando dois mísseis atingiram a escola al-Falah, em Zeitoun, que havia sido convertida em um abrigo para centenas de deslocados. A tragédia se aprofundou quando as equipes de Defesa Civil que corriam para resgatar as vítimas foram alvo de um novo ataque, resultando em mortos e feridos graves entre os socorristas. Os bombardeios também atingiram uma casa no bairro de Daraj, matando pelo menos sete pessoas, e o sudeste de Zeitoun, onde uma criança foi morta.
O anúncio do Hamas ocorreu horas depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, deu um ultimato ao grupo. Em suas redes sociais, Trump estabeleceu o domingo (5) como prazo final para a aceitação da proposta, sob a ameaça de um "inferno total" caso o acordo não seja fechado.
Em comunicado, o grupo palestino afirmou que "concorda em liberar todos os reféns israelenses, vivos ou mortos, sob os termos da proposta de cessar-fogo" apresentada por Trump. O Hamas ainda sinalizou disposição para entrar imediatamente em negociações para discutir os detalhes, embora isso não signifique uma aceitação integral do plano da Casa Branca.
O grupo também reiterou o acordo em entregar a administração de Gaza a um órgão palestino independente formado por tecnocratas, "com base no consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico". No entanto, um funcionário do Hamas afirmou que o grupo não se desarmará antes do fim da ocupação israelense, um ponto que pode se tornar um obstáculo significativo.
O plano de paz apresentado pela administração Trump na segunda-feira (29) é um documento abrangente com 20 pontos. Suas linhas principais incluem:
Enquanto os diplomatas negociam, a situação humanitária em Gaza continua a se deteriorar. A ONU alertou que a iniciativa de Trump abre uma "janela de oportunidade" para ajuda humanitária, mas que o norte do enclave vive uma situação que "continua a se deteriorar".
Os ataques em curso forçaram até mesmo organizações humanitárias a suspenderem suas operações. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou que suspendeu temporariamente suas operações em Gaza City, seguindo o exemplo de Médicos Sem Fronteiras, que tomou medida semelhante na semana passada.
Milhares de palestinos continuam a ser forçados a fugir para o sul sob bombardeios, muitas vezes sendo alvejados durante a fuga. Os que conseguem chegar a áreas como Nuseirat, no centro de Gaza, deparam-se com condições "diretas e catastróficas", segundo relatos.
A aceitação do plano por Israel já foi declarada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que afirmou que o acordo "trará de volta a Israel todos os reféns, desmantelará as capacidades militares do Hamas [e] encerrará seu domínio político". No entanto, ele também advertiu que, se o Hamas rejeitar a proposta, Israel "concluirá o trabalho" para eliminar o grupo.
O momento é crítico. Com o ultimato de Trump expirando no domingo e a disposição declarada do Hamas para negociar, a comunidade internacional observa para ver se a violência dará lugar à diplomacia, ou se os ataques recentes são um prenúncio de mais sofrimento, independentemente do resultado nas mesas de negociação. A desconexão entre as conversas de paz e a morte no terreno nunca foi tão evidente.
Com informações de G1, Al Jazeera, CNN Brasil, ONU News.■