Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
Hamas sinaliza para acordo e Trump pede fim de bombardeios israelenses
Após ultimato que ameaçou "inferno", grupo palestino aceita plano de paz em parte, mas resiste a desarmar e sair do poder; Trump agora exige cessar-fogo imediato de Israel para operação de resgate
Oriente-Medio
Foto: https://s2-cbn.glbimg.com/MeGN2OWcunjLsRUfU-GkPZajkLY=/0x0:1024x682/888x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/r/O/Lt07y6Qx2zul4i6OxCZA/000-36zm3rx.jpg
■   Bernardo Cahue, 03/10/2025

Numa reviravolta dramática nas negociações para encerrar a guerra na Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou acreditar que o Hamas está "pronto para uma paz duradoura" e fez um apelo direto para que Israel interrompesse imediatamente seus bombardeios ao território. A declaração, feita na rede social Truth Social nesta sexta-feira (3/10), veio poucas horas após o grupo palestino ter respondido a um ultimato de Trump e aceitado parte de seu plano de paz de 20 pontos, que prevê a libertação de todos os reféns israelenses.

O movimento, no entanto, não aceitou integralmente a proposta norte-americana. A resposta do Hamas deixa claro que o grupo quer negociar os termos e mantém pontos de discordância fundamentais, como a exigência de desarmamento e seu afastamento total da governança de Gaza.

Do Ultimato à Negociação

A sequência de eventos foi rápida e marcada por pressão máxima:

  • O Plano e a Ameaça: Na segunda-feira (29/9), Trump apresentou um plano de paz de 20 pontos para Gaza. Na sexta-feira (3/10), ele deu um prazo até domingo (5/10) para o Hamas aceitá-lo, ameaçando desencadear "um inferno como nunca antes visto" em caso de recusa.
  • A Resposta do Hamas: Sob pressão, o grupo palestino respondeu ainda na sexta-feira. Em um comunicado, anunciou que aceita libertar todos os reféns israelenses, vivos e mortos, de acordo com a fórmula de troca proposta por Trump.
  • A Reação de Trump: Minutos depois, o presidente americano reagiu publicamente, reproduzindo a declaração do Hamas e, em seguida, pedindo a interrupção imediata dos bombardeios israelenses para permitir o resgate seguro dos reféns.

Os Pontos de Aceitação e Atrito no Acordo

Análise da resposta do Hamas mostra que o grupo endossa partes estruturais do plano Trump, mas resiste em pontos centrais para Israel e EUA.

O grupo concorda com:

  • Libertação de todos os reféns, vivos e mortos.
  • Entrega da administração de Gaza a um comitê palestino de tecnocratas independentes.
  • Início imediato de negociações para discutir detalhes do acordo.

Porém, evita ou resiste a:

  • Desarmar-se antes do fim da ocupação israelense.
  • Afastar-se por completo da governança de Gaza, afirmando que "será incluído e contribuirá" nas discussões sobre o futuro do território.
  • Mencionar a anistia para militantes que se desarmarem, outro ponto do plano original.

Próximos Passos e Cenário Incerto

A mudança no tom de Trump, que passou de ameaças ao Hamas a um apelo por cessar-fogo a Israel, indica que a administração americana enxerga uma janela real para um acordo. A pressão agora também se volta para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que até o momento não se manifestou publicamente sobre a resposta do Hamas ou o apelo de Trump.

Analistas apontam que a implementação do plano enfrenta obstáculos tanto em Gaza quanto na política israelense. Enquanto o Hamas tem divisões internas entre sua ala política, mais favorável ao acordo, e a militar, com reservas , setores radicais do governo Netanyahu já veem a proposta como uma derrota para Israel. O sucesso das negociações dependerá da capacidade de mediadores em equilibrar estas forças e costurar um consenso em torno dos detalhes que ainda precisam ser acertados.

Com informações de BBC News, VEJA, CNN Brasil, Público, UOL, Metrópoles. ■