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Israel intercepta flotilha humanitária e detém mais de 500 ativistas
Passageiros são transferidos para porto em Israel e aguardam deportação; ação em águas internacionais gera condenação global e protestos
Oriente-Medio
Foto: https://content.api.news/v3/images/bin/872a8e5e419b370a6d52cb1ffc60cca7
■   Bernardo Cahue, 02/10/2025

Em uma operação marítima realizada nesta quarta-feira (01/10), forças israelenses interceptaram a Flotilha Global Sumud, que se dirigia à Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária. De acordo com os organizadores, mais de 500 ativistas de diversos países estavam a bordo das embarcações, e pelo menos 178 deles foram detidos, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg e pelo menos dez brasileiros.

O governo israelense informou que os ativistas detidos estão "seguros e saudáveis" e estão sendo levados para o porto de Ashdod, em Israel, onde iniciarão os procedimentos de deportação para a Europa. Um vídeo divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel mostra Thunberg sentada no convés de um barco, cercada por militares, recebendo água e um casaco.

Brasileiros na Flotilha

A delegação brasileira era formada por 17 integrantes, sendo que 11 deles – dez brasileiros e um argentino residente no Brasil – estão entre os capturados. Entre os nomes confirmados estão:

  • Luizianne Lins, deputada federal (PT-CE)
  • Thiago Ávila, ativista
  • Mariana Conti Takahashi, vereadora de Campinas (Psol)
  • Gabrielle da Silva Tolotti, presidente do PSOL-RS

O Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Tel Aviv mantém contato com as autoridades israelenses para prestar a assistência consular cabível.

Versões Contraditórias sobre a Interceptação

O episódio é marcado por narrativas opostas:

  • Segundo Israel, a Marinha alertou a flotilha de que ela se aproximava de uma zona de combate ativa e violava um "bloqueio naval legal". Foi oferecida aos ativistas a opção de descarregar a ajuda no porto de Ashdod para que fosse enviada a Gaza por "canais seguros", oferta que foi rejeitada.
  • Segundo os organizadores da flotilha, a interceptação foi "ilegal" e ocorreu em águas internacionais. Eles relataram que a embarcação Flórida foi deliberadamente abalroada e que outras, como o Yulara e o Meteque, foram alvo de canhões de água. A Anistia Internacional do Brasil emitiu nota classificando a captura como ilegal.

Reações Internacionais e Protestos

A ação israelense desencadeou uma onda de críticas e protestos em várias partes do mundo:

  • O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou a expulsão de todos os diplomatas israelenses restantes em seu país e a rescisão do acordo de livre comércio com Israel.
  • O Ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou a interceptação, classificando-a como um "ato de terrorismo" e uma grave violação do direito internacional.
  • Em Itália, milhares de pessoas foram às ruas em protesto, e sindicatos convocaram uma greve geral para esta sexta-feira em solidariedade à causa palestina.
  • O Hamas qualificou a operação como um "crime de pirataria e terrorismo marítimo".

Contexto e Objetivos da Missão

A Flotilha Global Sumud partiu de Barcelona em 31 de agosto, transportando cerca de 300 toneladas de suprimentos, incluindo alimentos não perecíveis, água potável, medicamentos e brinquedos. Especialistas apontam que, além do caráter humanitário, a missão busca chamar a atenção internacional para o bloqueio israelense a Gaza e a grave crise humanitária no enclave. Esta foi a mais recente de uma série de tentativas semelhantes frustradas por Israel nos últimos meses.

Com informações de: Agência Brasil, BBC, G1, Expresso, Deutsche Welle, Euronews, SIC Notícias, CNN, Folha de S.Paulo. ■