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Dirigente do Hamas afirma que plano de paz de Trump para Gaza "ignora os interesses dos palestinos"
Grupo deve rejeitar proposta que exige desarmamento e entrega de reféns; enquanto isso, população civil em Gaza clama pelo fim da guerra
Oriente-Medio
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQuF7lgNouEdRxsYt04G6bdyoO-twucYT4t7iQynZSmMw&s=10
■   Bernardo Cahue, 01/10/2025

Um alto dirigente do Hamas declarou à BBC que o grupo rejeitará o plano de paz para Gaza apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, por considerar que a proposta "serve aos interesses de Israel" e "ignora os do povo palestino". A crítica surge no momento em que mediadores internacionais pressionam por uma solução para o conflito que já dura dois anos.

Segundo o dirigente, duas condições centrais do plano de 20 pontos são inaceitáveis para o grupo:

  • A exigência de que o Hamas se desarme e entregue suas armas;
  • A presença de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) em Gaza, vista como uma nova forma de ocupação.

O plano foi aceito publicamente pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante uma reunião na Casa Branca na segunda-feira (29). No entanto, o Hamas ainda não deu uma resposta oficial, e o Ministério das Relações Exteriores do Catar afirmou que o grupo está analisando a proposta da Casa Branca de maneira "responsável".

Os obstáculos para um acordo

As negociações dentro do Hamas, que devem se estender por vários dias, incluem outras facções palestinas. A Jihad Islâmica Palestina (PIJ), que participou do ataque de 7 de outubro, já rejeitou o plano.

Um dos principais pontos de conflito é a exigência de que todos os reféns israelenses sejam libertados de uma só vez, o que faria o Hamas perder sua principal moeda de troca. Além disso, existe uma profunda desconfiança na liderança do grupo de que Israel retomaria as operações militares após a recuperação dos reféns.

Enquanto isso, Netanyahu parece estar recuando em relação a alguns termos do plano que ele próprio aceitou. Em um vídeo publicado na rede social X, ele insistiu que o exército israelense permaneceria em partes de Gaza e que Israel "resistiria à força" à criação de um Estado palestino, posição que contradiz a estrutura proposta por Trump.

A voz da população de Gaza

Dentro de Gaza, a população civil, devastada pela guerra e por uma crise humanitária, demonstrou apoio ao plano – mas apenas porque ele poderia levar ao fim imediato dos combates.

"O plano americano tem cláusulas ruins, mas eu o apoio porque vai parar a guerra e se livrar do Hamas. Mesmo que o próprio diabo trouxesse uma proposta para acabar com este inferno em que vivemos, eu apoiaria", disse o morador Khadar Abu Kweik à BBC.

O jornalista palestino Fathi Sabah expressou o desespero generalizado: "O povo de Gaza não aguenta mais. Está devastado, exausto, desesperado e sem esperança. Eles querem um cessar-fogo agora, não amanhã, a qualquer custo".

O presidente Trump deu um prazo de "três ou quatro dias" para que o Hamas responda à sua proposta, alertando que uma rejeição levaria a um "fim muito triste".

Com informações de: G1, BBC, The New York Times, CNN Brasil, CNN Español, Al Jazeera, Axios. ■