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Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarava publicamente na Assembleia Geral da ONU que “não permitirá†a anexação da Cisjordânia por Israel, as forças israelenses intensificaram operações de invasão a residências e ampliaram a pressão sobre comunidades palestinas no território ocupado, conforme relatado por agências internacionais e organismos de direitos humanos.
Nesta semana, forças israelenses invadiram dezenas de casas e prenderam sete palestinos na aldeia de Kafr Sur, ao sul de Tulkarem, no norte da Cisjordânia. O ataque, iniciado às três horas da madrugada, resultou no saque de propriedades e na conversão de uma residência em posto militar e centro de interrogatórios. Incursões semelhantes foram registradas em Nablus, Qalqilya e no campo de refugiados de al-Amari, em Ramallah.
Essas operações ocorrem no contexto de uma expansão significativa da violência na Cisjordânia desde outubro de 2023, que já resultou em aproximadamente mil palestinos mortos e cerca de dez mil feridos por forças e colonos israelenses, além de dez mil detidos arbitrariamente, muitos sem julgamento ou acusação formal.
Em declarações contundentes no Salão Oval, Trump foi enfático: “Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia. Não. Não permitirei. Não vai acontecerâ€. O presidente americano acrescentou que “já chega, é hora de parar agoraâ€, posicionando-se de forma alinhada com lÃderes europeus e árabes que veem a anexação como uma ameaça à estabilidade regional.
Entretanto, no terreno, a realidade parece seguir curso diferente. Relatórios do Escritório de Direitos Humanos da ONU documentam uma expansão acelerada dos assentamentos israelenses, com 6.730 unidades habitacionais instaladas ou aprovadas na Cisjordânia apenas entre junho e setembro de 2025.
O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, alertou que Israel está “expandindo e consolidando assentamentos como parte da integração constante desses territórios ao Estado de Israelâ€, em violação ao direito internacional.
A Cisjordânia, território de 5.655 quilômetros quadrados entre Israel e a Jordânia, abriga aproximadamente 3,2 milhões de palestinos e entre 500 mil e 800 mil colonos israelenses. Sob os Acordos de Oslo, o território foi dividido em três zonas que refletem graus variados de controle:
Esta fragmentação, agravada por postos de controle, bloqueios de estradas e a barreira de separação, restringe severamente a movimentação de palestinos, limitando seu acesso a empregos, serviços e até mesmo a suas próprias terras.
Especialistas e relatórios internacionais apontam que, apesar das declarações de Trump, o projeto de anexação segue em curso no terreno. Um relatório de março de 2025 do escritório de Direitos Humanos da ONU afirmou que Israel está acelerando a anexação da Cisjordânia através da expansão de assentamentos ilegais.
Em agosto de 2025, a ONU voltou a alertar que um plano israelense para construir milhares de novas casas entre um assentamento e Jerusalém Oriental é ilegal segundo o direito internacional e colocaria os palestinos vizinhos em risco de despejo forçado, caracterizado como crime de guerra.
O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, defendeu abertamente que Israel anexe 82% da Cisjordânia para evitar a criação de um Estado palestino, refletindo o pensamento de setores influentes do governo Netanyahu.
O abismo entre a posição diplomática americana e os fatos no terreno ilustra a complexidade do conflito israelo-palestino. Enquanto Trump tenta frear ambições anexacionistas publicamente, a realidade na Cisjordânia continua marcada por operações militares, expansão de assentamentos e violência crescente, lançando dúvidas sobre a viabilidade futura de uma solução de dois Estados.
Com informações de: DW, ONU News, O Globo, G1, Monitor do Oriente, Veja, BBC, Agencia Brasil e Swissinfo. ■