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Irã executa acusado de ser "um dos espiões mais importantes" de Israel em nova onda repressiva
Execução por espionagem é a nona desde o conflito de junho com Israel; organismos de direitos humanos alertam para ritmo de penas capitais não visto desde 1988
Oriente-Medio
Foto: https://www.aljazeera.com/wp-content/uploads/2025/07/2025-06-29T151156Z_1778140736_RC2FCFA7I8QK_RTRMADP_3_IRAN-NUCLEAR-1751491592.jpg?resize=770%2C513&quality=80
■   Bernardo Cahue, 29/09/2025

O Irã anunciou nesta segunda-feira (29) a execução de um homem identificado como Bahman Choubi Asl (também grafado como Bahman Choobiasl), descrito pelas autoridades judiciárias do país como "um dos espiões mais importantes" de Israel. A execução por enforcamento é a nona desde junho, quando Irã e Israel travaram uma guerra de 12 dias, e ocorre no contexto de uma repressão interna massiva que inclui prisões e outras penas capitais.

Segundo a agência de notícias Mizan, porta-voz do Poder Judiciário iraniano, Choubi Asl trabalhava em "projetos sensíveis de telecomunicações" e teria tido "acesso privilegiado a bancos de dados vitais e soberanos" da República Islâmica. As autoridades alegam que ele colaborou de forma "estreita" com a inteligência israelense e repassava informações sobre as rotas de importação de equipamentos eletrônicos para os israelenses.

Contexto de Guerra e Repressão Acelerada

O anúncio da execução reflete a política de julgamentos rápidos prometida pelo Irã após o fim das hostilidades com Israel. O chefe do Poder Judiciário iraniano, Gholamhossein Mohseni Ejei, já havia determinado que processos de pessoas acusadas de espionagem para o "regime sionista" devem ter celeridade, "considerando as condições da guerra". Desde o conflito, as autoridades:

  • Anunciaram a detenção de centenas de suspeitos por todo o país, com a televisão estatal transmitindo supostas confissões.
  • Executaram pelo menos nove pessoas por alegada espionagem para Israel.
  • Restringiram severamente o acesso à internet e aumentaram a pressão sobre jornalistas, especialmente os que trabalham para veículos de comunicação no exterior.

Padrão de Execuções e Preocupações Internacionais

A execução de Bahman Choubi Asl integra um padrão mais amplo e alarmante de aplicação da pena de morte no Irã. De acordo com estimativas de grupos de direitos humanos com sede em Oslo e Washington, o país já executou mais de mil pessoas em 2025, um número que pode ser ainda maior devido à falta de transparência oficial. Este ritmo de execuções é o mais elevado em décadas, não sendo visto desde 1988, quando milhares de prisioneiros políticos foram executados no final da guerra Irã-Iraque.

Analistas e ativistas apontam que, para além de combater a suposta infiltração israelense, as autoridades iranianas estão utilizando as acusações de espionagem como uma ferramenta para silenciar a dissidência interna e aumentar o controle sobre a população. A repressão tem como alvo não apenas supostos espiões, mas também jornalistas, ativistas, escritores e familiares de pessoas mortas durante os protestos de 2022.

Com informações de: CartaCapital, Gauchazh, RTP, Jovem Pan, Folha de S.Paulo, G1, O Globo, Veja, Gazeta do Povo, Euronews. ■