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Ofensiva israelense em Gaza deixa dezenas de mortos em meio a avanço terrestre
Enquanto líderes israelenses e norte-americanos se reúnem para discutir plano de paz, população civil em Gaza sofre com intensificação dos ataques
Oriente-Medio
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSipAPwU1opieVYHnSzFgCAwqTPQ5n2ZTOpPJGCCwFZ3Q&s=10
■   Bernardo Cahue, 29/09/2025

Pelo menos 77 palestinos foram mortos nas últimas 24 horas em toda a Faixa de Gaza devido a ataques aéreos e avançoes de tanques israelenses, segundo informou o ministério da Saúde controlado pelo Hamas neste domingo, 29. A ofensiva devastou a Cidade de Gaza, deslocando milhares e agravando a já crítica situação humanitária, com hospitais sobrecarregados e civis enfrentando fome amid uma infraestrutura em colapso.

Os ataques ocorrem em um momento crucial, horas antes do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir um plano norte-americano de 21 pontos que exige um cessar-fogo permanente em Gaza, a libertação de reféns israelenses e a retirada israelense do enclave.

Destruição e Táticas Controversas

Tanques israelenses se aproximaram do coração da Cidade de Gaza nesta segunda-feira, intensificando uma ofensiva terrestre que é uma das maiores da guerra. Moradores e autoridades de Gaza relatam o uso de uma nova e aterrorizante arma por parte das forças israelenses: veículos militares antigos transformados em robôs com armadilhas explosivas.

Estes veículos, carregados com até sete toneladas de explosivos, são posicionados em áreas residenciais e detonados remotamente, causando explosões devastadoras que demoliam prédios inteiros e, de acordo com testemunhas, dizimavam famílias inteiras, muitas vezes sem deixar vestígios dos corpos. Um especialista em segurança citado pela BBC Arabic sugeriu que a tática visa "reduzir o custo do engajamento militar e evitar baixas israelenses".

Ataques a Acampamentos e Crise Humanitária

A ofensiva não se limita aos centros urbanos. Tanques de Israel invadiram acampamentos de refugiados, com tropas recuando de uma área no campo de Nuseirat, no centro de Gaza, após uma ofensiva que deixou palestinos mortos. O Serviço de Emergência Civil Palestino relatou que as equipes de resgate não conseguiram responder aos pedidos de socorro de moradores que ficaram presos inside de suas casas.

O ataque a um acampamento para deslocados em Rafah em maio, que matou pelo menos 45 pessoas e foi classificado por Netanyahu como um "erro trágico", ilustra os perigos recorrentes que os civis enfrentam em áreas designadas como seguras. O cenário atual é de crise humanitária profunda. Autoridades médicas descrevem corpos carbonizados e membros desmembrados nos locais dos ataques, enquanto a infraestrutura de saúde, severamente danificada pelos bombardeios, luta para funcionar.

O Custo Humano da Guerra

O conflito, desencadeado pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, já causou um número devastador de vítimas:

  • Pelo menos 44.200 a 66.000 palestinos mortos, segundo diferentes balanços das autoridades de Gaza.
  • 1.219 israelenses mortos no ataque inicial do Hamas, segundo dados oficiais israelenses.
  • Quase toda a população palestina de Gaza deslocada pelo menos uma vez.
  • Mais de 4.700 palestinos sofreram amputações.

Enquanto soldados israelenses gravemente feridos têm sobrevivido graças a avanços médicos de ponta, como drones que entregam sangue no campo de batalha, civis palestinos em Gaza não têm acesso a esse sistema médico avançado. A ONU afirma que Gaza tem o maior número de amputações infantis per capita no mundo.

Enquanto isso, a fome se aprofunda. Relatos da ONU em abril já alertavam que "todas as provisões básicas estão se esgotando" e que "a cada dia sem esses suprimentos básicos, Gaza se aproxima de uma fome muito, muito profunda".

Enquanto líderes políticos negociam, a realidade no terreno em Gaza continua sendo uma de destruição, medo e uma luta desesperadora pela sobrevivência.

Com informações de: DW, CNN Brasil, G1, BBC, UOL, NPR, Vatican News. ■