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A Faixa de Gaza, um dos territórios mais densamente povoados do mundo, tornou-se sinônimo de resistência, conflito e devastação. Após décadas de ocupação e bloqueio, uma paÃs inteiro enfrenta agora uma nova e catastrófica escalada de violência, com ordens de evacuação em massa e um saldo humanitário que choca a comunidade internacional. Esta análise examina a trajetória palestina, desde a eleição democrática do Hamas até a luta por reconhecimento estatal, contextualizada pela ofensiva militar israelense que já dura mais de um ano.
O povo palestino no território da Faixa de Gaza aguarda há décadas o reconhecimento pleno de seu Estado, separado de seu território da Cisjordânia por Israel. A recente resolução da Assembleia Geral da ONU em setembro de 2025, que endossou a criação de um Estado palestino, representou um marco significativo nessa luta. Aprovada por 142 paÃses, a resolução entretanto condicionou o reconhecimento à renúncia do partido polÃtico Hamas ao poder em Gaza, refletindo a complexidade polÃtica que envolve a questão palestina. Essa vitória diplomática é em grande parte simbólica, pois o texto é não vinculante e Israel, apoiado pelos Estados Unidos, rejeitou veementemente a medida, classificando-a como um "obstáculo à paz". Vale ressaltar que e Estado palestino tem em sua administração oficial atual a participação do partido Hamas, porém é oficialmente presidido pelo partido Organização pela Libertação da Palestina (OLP), que condena os atos terroristas.
Em 2006, eleições legislativas consideradas justas e democráticas pela comunidade internacional levaram o Hamas ao poder na Palestina. Essa vitória, contudo, foi seguida por um bloqueio implacável imposto por Israel e Egito, intensificando a crise humanitária no enclave. A postura do Hamas, visto por Israel e potências ocidentais como uma organização terrorista, criou um dilema persistente: como conciliar o resultado de um processo democrático com a guerra contra um grupo que não reconhece o direito à existência de Israel. A recente resolução da ONU espelha este impasse, ao exigir que o Hamas "entregue suas armas à Autoridade Palestina" como condição para a soberania.
Desde outubro de 2023, Israel conduz uma ofensiva militar em Gaza em resposta aos ataques do Hamas que mataram mais de 1.200 israelenses. Os números da crise são chocantes:
Em meados de setembro de 2025, o Exército israelense iniciou uma nova e vasta operação terrestre em Gaza City, ordenando a evacuação completa da população civil em 48 horas através de um novo corredor aberto na rota de Salah al-Din. Esta ordem, contudo, coloca a população em um dilema impossÃvel: fugir sob risco de bombardeios em rotas superlotadas ou permanecer em uma cidade que se transformou em campo de batalha. Muitos palestinos, traumatizados por deslocamentos anteriores e sem recursos para fugir, escolhem ficar, afirmando que "não há lugar seguro" em Gaza.
Em um relatório histórico publicado em setembro de 2025, a Comissão de Inquérito da ONU concluiu que existem "fundamentos razoáveis" para afirmar que Israel está cometendo genocÃdio e holocausto contra os palestinos, transformando Gaza em um verdadeiro campo de concentração. O relatório detalha quatro atos proibidos pela Convenção do GenocÃdio de 1948:
O relatório acusa diretamente lÃderes israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de incitar e cometer estes atos com intenção genocida especÃfica. Israel categoricamente rejeitou as conclusões, classificando o documento como "distorcido e falso" e acusando a Comissão de ser tendenciosa. A posição israelense é apoiada pelos Estados Unidos, cujo Secretário de Estado Marco Rubio descreveu o relatório como o "auge da hipocrisia".
O bloqueio e os bombardeios transformaram Gaza em um inferno humanitário. A ONU declarou fome em partes do território em agosto de 2025. O sistema de saúde está colapsado; hospitais como o pediátrico Al-Rantisi, o último de sua natureza em Gaza City, foram bombardeados, deixando crianças doentes sem tratamento :cite[8]. Israel alega que o Hamas usa infraestrutura civil para operações militares, justificativa que a comunidade internacional questiona cada vez mais diante da escala de destruição. Além disso, as constantes incursões israelenses ao território da Cisjordânia, também pertencente à Palestina, deixam explÃcito o plano de aniquilação palestina por Israel e seus planos de anexação de todo o território em direção à Jordânia.
O futuro da Palestina permanece profundamente incerto. Enquanto a comunidade internacional avança, ainda que timidamente, em direção ao reconhecimento de um Estado, a população de Gaza enfrenta a realidade imediata de destruição, deslocamento e fome. A ordem de evacuação em 48 horas é apenas o capÃtulo mais recente em uma saga de sofrimento que parece não ter fim. A solução de dois Estados, endossada pela ONU, depende não apenas do desarmamento do Hamas, mas também a condicionam a uma mudança radical na polÃtica israelense e de um verdadeiro compromisso da comunidade internacional em priorizar vidas humanas sobre interesses geopolÃticos. Até lá, Gaza continuará sendo um testemunho trágico da resistência palestina e do custo humano de um conflito prolongado.
Com informações de Middle East Eye, Maghrebi.org, G1, Forbes, CNN, Breitbart, RTP, UN News e Geopolitical Economy Report. ■