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Três bebês prematuros e quatro fetos morrem no Complexo Médico Nasser
Falta de recursos, desnutrição extrema e ataques israelenses agravam situação sanitária no principal hospital do sul do território palestino
Oriente-Medio
Foto: https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/08/AA-20250825-38920740-38920723-ISRAELI_STRIKE_ON_GAZA_MEDICAL_COMPLEX_KILLS_20_INCLUDING_5_JOURNALISTS-1.webp
■   Bernardo Cahue, 16/09/2025

Três bebês prematuros e quatro fetos morreram no Complexo Médico Nasser, em Khan Younis, no sul de Gaza, nas últimas semanas, vítimas da combinação fatal de desnutrição generalizada, escassez crítica de insumos médicos e as condições de guerra impostas por Israel ao território palestino. Os óbitos expõem o colapso total do sistema de saúde gazense após quase um ano de conflito.

O hospital, que era o único centro de saúde terciário providing maternal and pediatric care em Khan Younis, enfrenta uma situação insustentável. “Estamos vendo crianças com desnutrição, um problema nunca visto antes em Gaza”, relatou Joanne Perry, médica responsável de Médicos Sem Fronteiras (MSF) no local.

Desnutrição extrema e falta de recursos

Os casos de desnutrição infantil grave atingiram níveis históricos em Gaza. No departamento de pediatria do Nasser, bebês apresentam braços do tamanho do polegar de um adulto e perdem a capacidade de chorar devido à fraqueza extrema. Médicos descrevem um cenário de “silêncio perturbador” nas alas pediátricas, onde as crianças estão “exaustas demais para chorar”.

A situação é particularmente crítica para recém-nascidos e gestantes:

  • Falta de leite materno adequado devido à desnutrição das mães
  • Escassez de fórmulas terapêuticas especiais e água limpa
  • Falta de incubadoras e equipamentos médicos essenciais
  • Medicamentos insuficientes para tratar complicações pós-parto

O Dr. Ahmed al-Farra, chefe do departamento de pediatria e maternidade do Complexo Médico Nasser, alertou: “Precisamos de leite para bebês. Precisamos de suprimentos médicos. Precisamos de alguns alimentos, alimentos especiais para o departamento de nutrição. Precisamos de tudo para os hospitais”.

Ataques israelenses contra a infraestrutura médica

O Complexo Médico Nasser sofreu ataques diretos e repetidos por forças israelenses. Em fevereiro de 2024, o hospital foi invadido e sitiado pelo exército israelense, que forçou a evacuação de pacientes e equipe médica. Em agosto de 2025, um ataque com múltiplos projéteis atingiu as escadarias do hospital, matando pelo menos 20 pessoas, incluindo profissionais de saúde e jornalistas.

Estes são alguns dos ataques documentados:

  • Dezembro de 2023: Maternidade é atingida, matando uma menina de 13 anos
  • Fevereiro de 2024: Setor ortopédico é bombardeado, matando um paciente
  • Agosto de 2025: Múltiplos ataques simultâneos matam 20 pessoas, incluindo profissionais de saúde

Léo Cans, coordenador-geral de MSF na Palestina, descreveu a situação: “Hoje, não há mais hospital. Suas atividades foram totalmente interrompidas. Não há mais eletricidade, água, medicamentos ou pacientes”.

Contexto humanitário mais amplo

A crise no Complexo Médico Nasser ocorre dentro de um cenário de catástrofe humanitária completa em Gaza. Segundo a OMS, os hospitais em Gaza se transformaram em “zonas de desastre humanitário” , com condições que favorecem o surgimento de doenças:

  • Quase 500 pessoas compartilham cada banheiro
  • Mais de 2.000 pessoas utilizam um único chuveiro
  • Casos de diarreia em crianças menores de 5 anos aumentaram 26 vezes
  • Surto de hepatite A devido às condições sanitárias precárias

Approximately 135 mil crianças com menos de dois anos de idade correm risco de desnutrição grave devido às condições “desumanas” caracterizadas por abrigos improvisados, má nutrição e água imprópria.

Os recentes óbitos de bebês prematuros e fetos no Complexo Médico Nasser representam apenas uma fração do custo humano desta crise, mas simbolizam o fracasso da comunidade internacional em proteger os civis mais vulneráveis e o desrespeito sistemático ao direito internacional humanitário por parte de Israel.

Com informações de: Reuters, BBC, CNN, O Globo, Terra, Médicos Sem Fronteiras (MSF), Nações Unidas■