Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
Israel desaloja 100 mil palestinos meio a ataques aéreos em Gaza
Ofensiva militar força êxodo em massa enquanto hospitais enfrentam colapso total e famílias fogem sob bombardeios constantes
Oriente-Medio
Foto: https://s2-oglobo.glbimg.com/dNkj1wwOw7sGamokyrRHFEdh6KQ=/0x0:3750x2500/888x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/3/T/hIJkouQYAVYCNwfCpSow/104638263-a-man-walks-with-mattresses-through-destruction-in-a-ravaged-neighbourhood-in-gaza-city-ea.jpg
■   Bernardo Cahue, 15/09/2025

Em um novo capítulo da escalada de violência que tomou conta da Faixa de Gaza, oficiais militares israelenses confirmaram que aproximadamente 100 mil palestinos estão sendo forçados a deixar suas casas enquanto os ataques aéreos se intensificam na região. A medida, apresentada como necessária para operações contra o Hamas, tem exacerbado uma já crítica crise humanitária, com hospitais superlotados e infraestrutura civil em colapso.

O deslocamento em massa ocorre predominantemente na Cidade de Gaza, onde o exército israelense emitiu ordens de evacuação generalizada. Avichay Adraee, porta-voz militar israelense, alertou que a permanência na área seria "extremadamente perigosa", orientando civis a se deslocarem para a zona de Al Mawasi, no sul do território – uma área que, no entanto, já sofre com superlotação extrema e condições insustentáveis. Testemunhas relatam cenas de pânico e desespero, com famílias abandonando seus lares sob intensos bombardeios.

Contexto do Deslocamento em Gaza

Os tópicos abaixo resumem os impactos humanitários críticos resultantes dos recentes deslocamentos e operações militares:
  • Pessoas deslocadas - Approximately 100.000 palestinos sendo forçadamente desalojados devido aos ataques aéreos intensivos.
  • Condições em Al Mawasi - Área superlotada e com condições insustentáveis, incapaz de acomodar novos deslocados de forma digna.
  • Mortes de civis - 64.656 palestinos mortos desde o início do conflito, incluindo pelo menos 404 por fome. Milhares sob escombros.
  • Crianças mortas - 19.424 crianças entre as vítimas confirmadas.
  • Destruição de edificações - 63% de todos os edifícios de Gaza destruídos ou danificados, tornando grande parte da Faixa de Gaza inabitável.
  • Crise de fome - ONU declara fome em Gaza; 281 mortes por inanição, incluindo 114 crianças.
  • Ataques a assistência - 105 palestinos mortos e 680 feridos em dois dias enquanto buscavam comida em comboios de ajuda.

Sistema de Saúde à Beira do Colapso

A já precária situação dos hospitais gazenses deteriorou-se dramaticamente. Instalações médicas operam muito além de sua capacidade, enfrentando escassez crítica de medicamentos, equipamentos e energia. O Ministério da Saúde de Gaza emitiu um "apelo urgente" por proteção imediata para hospitais e pessoal médico, alertando para um "desastre humanitário que ameaça a vida de milhares de pacientes e feridos". Relatos indicam que muitas unidades de saúde transformaram-se em refúgios improvisados para deslocados, agravando ainda mais suas condições operacionais.

A comunidade médica internacional expressa profunda preocupação com a impossibilidade de tratar adequadamente os feridos, que chegam aos milhares. "Quase 84% das instalações de saúde foram destruídas ou danificadas", destaca um relatório, privando até mesmo 50 mil grávidas de acesso a cuidados adequados.

Violações de Direitos Humanos e Resposta Internacional

A estratégia militar israelense tem sido alvo de duras críticas de organizações de direitos humanos e agências da ONU. A ONU afirma que a "destruição sistemática da cidade de Gaza já está em marcha", registrando 54 ataques contra edifícios residenciais e quarteirões inteiros que mataram pelo menos 87 palestinos, incluindo 25 crianças. Especialistas legais alertam que a ordem de despejo em massa pode configurar um crime contra a humanidade.

A utilização de fome como arma de guerra também é denunciada. A Oficina de Direitos Humanos da ONU reportou que pelo menos 1.373 palestinos morreram buscando comida desde maio, a grande maioria morta por forças israelenses. "Cada pessoa assassinada ou ferida estava lutando desesperadamente para sobreviver", afirmou a entidade.

Repercussão Internacional e Mediação

A comunidade internacional reage com crescente alarme. O secretário-geral da ONU, António Guterres, renovou os apelos por um cessar-fogo imediato "para evitar a morte e a destruição" que um ataque terrestre majoritário "inevitavelmente causaria". Líderes como o presidente francês Emmanuel Macron alertaram que a ofensiva planejada "só pode levar ao desastre para ambos os povos".

Mediadores egípcios e cataris continuam os esforços para negociar uma trégua, mas as posições parecem intransigentes. O Hamas acusa o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de ser o "verdadeiro obstáculo a qualquer acordo".

Perspectivas Futuras

O futuro imediato para a população de Gaza é sombrio. Com a ordem de evacuação abrangendo agora 89% do território , e com Al Mawasi – uma área de apenas 9 km² – já abarrotada de deslocados, simplesmente não há para onde escapar. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) advertiu que novos deslocamentos e uma intensificação das hostilidades "correm o risco de agravar uma situação já catastrófica".

A crise em Gaza transcende uma simples crise humanitária; ela representa um colapso civilizacional em tempo real. A intensificação dos ataques aéreos e os deslocamentos forçados em massa não apenas aprofundam o sofrimento imediato, mas também lançam as sementes de um trauma intergeracional profundo e comprometem qualquer possibilidade futura de coexistência pacífica na região.

Com informações de: news.un.org, elpais.com, aljazeera.com, hrw.org, es.wikipedia.org, en.wikipedia.org, bbc.com. ■