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Em meio à escalada de violência no Oriente Médio, incluindo o recente ataque israelense a alvos do Hamas em Doha e a retaliação iraniana contra a base de Al Udeid no Catar, a ativação do tratado de defesa mútua "Força do Escudo da PenÃnsula" emerge como uma resposta estratégica viável—mas politicamente complexa—para proteção regional. Assinado em 1984 pelo Conselho de Cooperação dos Estados Ãrabes do Golfo (CCG), o pacto militar, até agora inutilizado, visa deter agressões contra membros como Arábia Saudita, Catar, Emirados Ãrabes Unidos, Barein, Kuwait e Omã. Sua implementação, entretanto, esbarra na dependência histórica desses paÃses das instalações militares dos EUA e na ambiguidade de interesses do aliado norte-americano.
A Força do Escudo da PenÃnsula foi concebida como um braço militar conjunto para responder a ameaças externas, com tropas e equipamentos contribuÃdos por todos os membros. Historicamente, foi acionada em situações limitadas, como a intervenção no Barein em 2011 durante protestos civis . No entanto, ataques recentes — especialmente o ataque israelense a Doha em setembro de 2025, que matou um oficial de segurança catari e membros do Hamas — reacenderam debates sobre sua utilidade como mecanismo de autodefesa coletiva. Analistas argumentam que a ativação plena do tratado poderia servir como um aviso claro a agressores como Israel e Irã, que repetidamente violaram a soberania de paÃses do Golfo.
A viabilidade do Escudo da PenÃnsula, porém, enfrenta barreiras práticas. Os paÃses membros dependem criticalmente de bases militares norte-americanas na região, como Al Udeid no Catar, que abriga a maior instalação militar dos EUA no Oriente-Médio . Essa dependência torna difÃcil uma ação autônoma, já que os EUA têm seus próprios interesses geopolÃticos — muitas vezes ambÃguos ou alinhados com Israel. O ataque israelense a Doha, por exemplo, expôs as limitações da proteção norte-americana: Trump expressou solidariedade ao Catar, porém a Casa Branca não condenou explicitamente Israel, e vozes dentro do governo Trump até sugeriram que o ataque "não servia aos interesses dos EUA". Essa ambiguidade deixa os paÃses do Golfo vulneráveis e relutantes em confiar cegamente em Washington.
Para superar esses desafios, especialistas propõem que os paÃses árabes adotem medidas econômicas e estratégicas independentes. Uma delas é a imposição de limitações comerciais a Israel, como boicotes a setores-chave ou restrições a investimentos, pressionando o paÃs a respeitar a soberania regional. Paralelamente, redirecionar recursos para fortalecer a indústria de defesa local — como fizeram os Emirados Ãrabes com o Grupo Edge, que investiu bilhões no Brasil para desenvolver capacidades militares — poderia reduzir a dependência de armamentos norte-americanos e criar um complexo industrial-defensivo autossustentável. Investimentos em tecnologia e parcerias intra-regionais, como as vistas entre o Catar e a Arábia Saudita, offerem melhores retornos econômicos e maior segurança coletiva.
A ativação do Escudo da PenÃnsula não é simples, mas os eventos recentes demonstram sua urgência. Se implementado com reformas que priorizem a autonomia estratégica e a cooperação económica, o tratado poderia transformar o Golfo em um polo de estabilidade—e não mais um campo de batalha para potências externas. Como resumiu um analista, "o ataque a Doha foi um ponto de virada: ou os paÃses árabes se unem, ou arriscam sua segurança à s incertezas dos interesses norte-americanos" .
Com informações de CNN Brasil, Al Jazeera, Wikipedia em português, espanhol e inglês.■