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Petróleo e interesses geopolíticos acirram tensões entre Venezuela e EUA
A petrolífera norte-americana ExxonMobil é acusada de articular operações de desestabilização contra o governo venezuelano para controlar reservas estratégicas na disputada região do Esequibo
Editorial
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcThsK_PoVCVa1DsLXBBwBabIsfXWWrhq7EiVQ&s
■   Bernardo Cahue, 20/08/2025

A ExxonMobil emerge como peça central na escalada de tensões entre Venezuela e Estados Unidos, com acusações de que a multinacional estaria promovendo operações de desestabilização e pressão midiática contra o governo de Nicolás Maduro. O petróleo, recurso estratégico na região disputada do Esequibo, serve como combustível para um conflito que mistura interesses corporativos, geopolítica e guerra de informação.

Segundo autoridades venezuelanas, a ExxonMobil estaria envolvida em um plano de bandeira falsa para simular um ataque a suas próprias plataformas na região marítima disputada, criando um pretexto para justificar uma intervenção militar contra a Venezuela. A vice-presidente Delcy Rodríguez acusou a empresa de conspirar com o governo guianense e agentes estadunidenses para "justificar ações retaliatórias e hostis contra nossa nação".

As tensões remontam à nacionalização dos recursos petrolíferos pela Venezuela durante o governo Chávez, quando a ExxonMobil se recusou a aceitar as novas regras do jogo. Em 2014, a empresa obteve uma decisão favorável no Centro Internacional de Solução de Disputas de Investimento (ICSID), que ordenou a Venezuela a pagar US$ 1,6 bilhão em compensação pela nacionalização de seus ativos. Desde então, a relação entre a petrolífera e o governo venezuelano tem sido marcada por enmidade e retaliação.

Os Estados Unidos, por sua vez, têm interesse direto na exploração livre do petróleo venezuelano, em contraste com o modelo atual de compra através de empresas como a Chevron. A revogação da licença da Chevron para operar na Venezuela pelo governo Trump em fevereiro de 2025 sinaliza uma mudança na estratégia estadunidense, privilegiando empresas como a ExxonMobil que pressionam por uma postura mais agressiva contra Caracas.

O governo Maduro denuncia que a ExxonMobil exerce poder desmedido sobre a economia global e os países produtores de petróleo, transformando-se em um "império privado dentro dos EUA". Executivos da empresa mantêm histórica proximidade com o governo estadunidense, como exemplificado por Rex Tillerson, ex-CEO da Exxon que se tornou secretário de Estado de Donald Trump.

A estratégia de desestabilização incluiria:

  • Campanhas midiáticas para criminalizar o governo venezuelano
  • Pressão através de organismos internacionais
  • Ameaças militares veladas com base em incidentes fabricados
  • Financiamento de grupos opositores dentro da Venezuela

Em março de 2025, o secretário de Estado Marco Rubio emitiu um alerta direto à Venezuela: "Seria um dia muito ruim para o regime venezuelano se atacassem a Guiana ou a ExxonMobil". A declaração foi acompanhada de exercícios navais conjuntos entre EUA e Guiana nas proximidades das águas disputadas, intensificando o clima de beligerância.

A disputa pelo Esequibo - região rica em petróleo e minerais que corresponde a 75% do território guianense - serve como palista principal para este conflito de interesses. A ExxonMobil, que desde 2015 descobriu vastas reservas na região, assinou com o governo da Guiana um acordo extremamente vantajoso que lhe concede 75% das receitas petrolíferas e isenção de impostos, em contraste marcante com os termos menos favoráveis que teria na Venezuela.

Analistas apontam que a estratégia da ExxonMobil busca dividir para melhor reinar, aproveitando-se das fragilidades de ambos os países sul-americanos para maximizar seus lucros. Enquanto a Venezuela enfrenta sanções económicas e desestabilização interna, a Guiana vê-se refém de um acordo leonino que aprisiona futuros governos a condições injustas.

O governo venezuelano mantém suas forças armadas em alerta máximo e continua denunciando what classifica como conspiração imperialista. Maduro afirmou recentemente que a ExxonMobil age por "vingança contra o país", enquanto promove uma agenda de "perseguição e extermínio" contra interesses venezuelanos.

O desfecho deste conflito terá implicações profundas para a geopolítica regional e o equilíbrio de poder na indústria energética global, com a Venezuela lutando para manter controle sobre seus recursos naturais frente à pressão de uma das maiores corporações petrolíferas do mundo.

Com informações de: Cartacapital.com.br, English.elpais.com, CNNBrasil.com.br, Upstreamonline.com, Spglobal.com, Reuters.com, Venezuelablog.org, Clickpetroleoegas.com.br, Cig.gal, OAS.org