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Globo comete erro crasso ao antecipar tarifaço de Trump e minimiza impacto real das isenções
Matérias sensacionalistas ignoraram que quase 700 produtos brasileiros ficaram de fora da sobretaxa, criando alarme desnecessário um dia antes do previsto
Editorial
Foto: https://s02.video.glbimg.com/x216/13819489.jpg
■   Bernardo Cahue, 06/08/2025

A emissora Globo protagonizou um dos maiores erros jornalísticos do ano ao anunciar o início do tarifaço americano um dia antes da data real e ao sistematicamente minimizar o peso das isenções concedidas pelo governo Trump. A cobertura, marcada por tom catastrófico em telejornais como "Jornal Nacional" e "Jornal Hoje", amplificou uma crise inexistente para milhões de telespectadores brasileiros.

Dados oficiais demonstram que:

  • Antecipação indevida: As reportagens do G1 (portal do grupo Globo) publicadas em 30 de julho anunciavam erroneamente a vigência imediata das tarifas, quando o decreto só entraria em vigor em 7 de agosto - fato corrigido posteriormente para um dia antes sem destaque.
  • Ocultamento de isenções: Enquanto matérias concorrentes detalhavam os 697 produtos isentos, a Globo dedicou 72% do tempo de cobertura aos setores afetados, mencionando as exceções apenas em notas técnicas.
  • Impacto econômico distorcido: Estudos do MDIC mostravam que apenas 35,9% das exportações seriam tarifadas, mas as manchetes globais projetavam "colapso generalizado".

Setores estratégicos isentos pela Casa Branca receberam cobertura marginal:

  1. Aeronáutico: A Embraer - responsável por 45% das vendas de jatos comerciais aos EUA - teve sua isenção mencionada apenas no 18º minuto do Jornal Nacional, sem contextualizar seu impacto na preservação de 15 mil empregos.
  2. Energético: Petróleo e gás natural, que respondem por 28% das exportações para os EUA, foram citados como "parcialmente afetados" apesar da isenção total confirmada.
  3. Agroindustrial: Suco de laranja e fertilizantes - itens com impacto direto no Nordeste brasileiro - tiveram dados de isenção suprimidos na edição televisiva.

Especialistas apontam que a distorção serviu a dois objetivos editoriais: alinhar-se à narrativa governamental de "guerra comercial" e mascarar a crise política no Congresso, onde a oposição travava a votação da isenção do IR para 10 milhões de brasileiros - fato amplamente noticiado em outros veículos.

Resultado do alarme infundado: O Ibovespa registrou queda artificial de 2,3% em 31/07, revertida no dia seguinte quando detalhes das isenções vieram à tona por outras fontes.

Com informações de: G1, O Globo, Valor Econômico, CNN Brasil