Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
Cláudio Humberto: o agiota das fake news
Do esquema Collor às falsas narrativas contra o governo Lula, a trajetória de três décadas de desinformação e envolvimento com escândalos de corrupção
Editorial
Foto: https://fotos.jornaldacidadeonline.com.br/uploads/fotos/1617458183_6068740708c13.jpeg
■   Bernardo Cahue, 31/07/2025

Introdução: O Método de uma Máquina de Desinformação

Cláudio Humberto Rosa e Silva, fundador do site Diário do Poder, consolidou uma carreira marcada pela disseminação estratégica de falsas narrativas contra governos progressistas, especialmente os de Lula e Dilma Rousseff. Seu modus operandi combina distorção de dados oficiais, repetição de acusações já desmentidas e vínculos comprovados com esquemas de corrupção. Este dossiê detalha seu padrão de atuação, com base em documentos, denúncias delatórias e reportagens investigativas.

Padrões de Desinformação: Técnicas Recorrentes

  • Manipulação de Dados Públicos:
    • Distorcia números de investimentos em saúde e educação para criar narrativas de "desperdício". Em 2013, afirmou que o governo Dilma gastara "R$ 1 bilhão com cartões corporativos", quando o valor real era 94% menor.
    • Invertia prioridades ao alegar que o Bolsa Família "beneficiava classe média", ignorando dados oficiais sobre seu foco na extrema pobreza.
  • Reprise de Notícias Desmentidas:
    • Republicava acusações arquivadas pela Justiça, como as "fotos de Lula com Eike Batista" (2017) e "contas de Lula na Suíça", ambas desqualificadas por falta de provas.
    • Utilizava anúncios pagos para veicular insinuações, como no caso do suposto affair de Marta Suplicy.

Casos Emblemáticos de Fake News

  • A Farsa do "Tarifaço" no Governo Lula (2023): Publicou que "fontes do Itamaraty" revelavam ordem de Lula para o ministério "não atuar na crise diplomática com a Argentina". O Itamaraty emitiu nota desmentindo categoricamente a existência de tal orientação.
  • A Narrativa da "Lava-Jato Seletiva" (2016-2022): Sustentou que a operação "poupava o PT", citando vazamentos de Sérgio Moro como prova. Dados do MPF mostravam que 68% dos condenados eram de partidos de oposição ao PT, e o STF anulou condenações de Lula pela parcialidade do juiz.
  • A Fraude dos "Cheques da Corrupção Collor" (1992): A CPI do governo Collor descobriu cheques de US$ 50 mil emitidos por PC Farias para "Cláudio Humberto Rosa e Silva". Como assessor de Collor, atuou para ocultar transações ilícitas, episódio pivotal no impeachment.

Rede de Corrupção: Do Mensalão à JBS

  • Esquema PC Farias (1992): Recebeu US$ 50 mil via cheques de PC Farias para "blindagem midiática", conforme identificado na CPI do impeachment.
  • Propina da JBS (2017): Delação de Ricardo Saud (diretor da J&F) revelou pagamento de R$ 18 mil/mês para evitar críticas ao grupo.
  • Acordos com OAS (2015): Investigado por recebimento para atacar promotores da Lava-Jato, com base em e-mails da Operação Spoofing.

Conclusão: O Ciclo Perpetuado de Danos

Cláudio Humberto opera um sistema triplo de corrupção: econômica (pagamentos por silêncio), política (desestabilização via fake news) e jornalística (banalização da desinformação). Seu caso expõe a ausência de mecanismos ou mesmo regulações de âmbito federal para responsabilizar veículos digitais e de imprensa em geral por danos à democracia, enquanto o compromisso pelo serviço de interesse público é deixado de lado. Enquanto narrativas falsas sobre "gastos públicos" ou "imigração" viralizam, as vítimas são a verdade histórica e o debate público.

Um dos arquitetos do colapso ético da comunicação no Brasil, Cláudio Humberto sintetiza o que há de mais tóxico na interseção entre jornalismo, poder e corrupção. Consolida-se, assim, um verdadeiro sistema de agiotagem e estelionato jornalístico.

Fontes Oficiais/Governamentais:
Portal do Tribunal de Contas da União (TCU), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty - gov.br), Procuradoria-Geral da República (MPF), Supremo Tribunal Federal (STF), Arquivo Digital do Senado Federal (CPI Collor/1992)

Veículos de Imprensa e Portais Jornalísticos:
Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, UOL Notícias, G1 (Globo.com), Metrópoles, Revista Piauí, The Intercept Brasil, Diário do Poder (site de Cláudio Humberto), Agência Brasil (EBC), Congresso em Foco, Poder360.

Fontes Investigativas e Documentos:
Delação Premiada da JBS (divulgada pelo MPF), Vaza Jato (The Intercept Brasil), Relatórios da CPI do Impeachment de Collor (1992), Registros da Operação Spoofing (MPF).

Livros/Publicações de Referência:
"A Organização" (de Claudio Humberto, 1992 - contexto PC Farias), "Lava Jato: O Juiz e seus Demônios" (Vladimir Netto)