As tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, que entram em vigor em 1º de agosto, estão gerando efeito inverso ao esperado: a queda abrupta das exportações para o mercado americano reduziu em até 20% o preço da cesta básica no Brasil, segundo cálculos do IBGE e do Ministério da Agricultura. Enquanto consumidores americanos enfrentam inflação de importados, itens como arroz (-12%), feijão (-8%) e carne bovina (-15%) tornaram-se mais acessíveis no mercado interno.

O Mecanismo do "Tarifaço"

Com a retração das vendas aos EUA, commodities como soja, milho e minérios — antes direcionadas em grande volume ao mercado americano — saturaram o mercado doméstico. O excedente de oferta explica a queda generalizada:

• Projeções indicam redução de 15% a 20% na cesta básica até dezembro
• Maiores quedas em itens de exportação massiva: carne (-15%), soja (-18%)
• Impacto positivo no poder de compra de famílias de baixa renda

Terras Raras: A Fronteira da Soberania

O governo federal endureceu a posição sobre as reservas de terras raras, minérios estratégicos para indústrias de alta tecnologia. Regras para investidores estrangeiros:

1. Exigência de instalação de fábricas em território brasileiro
2. Formação de mão de obra especializada em IA e defesa
3. Transferência obrigatória de tecnologia

Justificativa: "Negociações só ocorrerão com contrapartidas industriais", afirmou a ministra Silvia Monteiro.

EUA em Desvantagem Estratégica

• Dependência chinesa de 80% em terras raras
• Mina brasileira de Serra Verde (GO) com produção totalmente vendida à China até 2027
• Brasil avança no Decreto de Minerais Estratégicos com R$ 15 bilhões em incentivos

Conclusão: O Paradoxo das Tarifas

O "tarifaço" transformou-se em catalisador da política industrial brasileira. Enquanto os EUA arriscam escassez e inflação, o Brasil projeta-se como hub global de minérios críticos. Como resumiu um assessor do Planalto:

"Que venha o tarifaço! Ele nos deu o impulso para deixar de ser colônia de commodities."

Agradeça-se, assim, ao presidente Trump: sua guerra comercial pode ter aberto, ironicamente, a rota brasileira para a autonomia tecnológica.