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O Clube dos Inelegíveis contra-ataca
Lula rebate interferência de Trump em processos judiciais contra Bolsonaro acusado de tentativa de golpe de Estado. Postura de norte-americano reafirma intenção golpista
Editorial
Foto: https://media.gazetadopovo.com.br/2025/06/23093147/bolsonaro-com-donald-trump-foto-alan-santos-secom-arquivo.jpg
■   Bernardo Cahue, 07/07/2025
Donald Trump e Jair Bolsonaro. Dois ex-presidentes, duas condenações judiciais, um mesmo roteiro de desprezo pela democracia. Quando o magnata norte-americano ergue a voz para defender seu "aliado" brasileiro, não o faz por lealdade, mas por reconhecimento. Reconhece no espelho a própria imagem: a de um líder que transformou o poder em arma contra as instituições que jurou proteger.

Trump, ele mesmo processado por conspiração eleitoral e acusado de incitar a invasão ao Capitólio, posa agora como advogado do diabo de Bolsonaro — condenado por abuso de poder político e investigado por orquestrar golpes. Chamar o julgamento do brasileiro de "caça às bruxas" é mais que hipocrisia: é um manual de fuga. Quando ele diz que Bolsonaro "não tem culpa de nada, exceto de lutar pelo povo", repete o mesmo mantra de autovitimização que ecoa em seus comícios: a falácia de que perseguem quem ousa desafiar o sistema.

Mas qual sistema? O das urnas, que ambos tentaram sabotar? O da Justiça, que desprezam quando os condena? Trump, o justiceiro de WhatsApp, dita de Mar-a-Lago sentenças sobre o Brasil enquanto enfrenta 91 acusações criminais nos EUA. Sua "solidariedade" a Bolsonaro é um pacto de cúmplices, não de estadistas. Querem transformar a política em um ringue onde as leis são estraga-prazeres e os tribunais, "inimigos".

A ironia é amarga: o mesmo Trump que ameaça taxar países do BRICS por "antiamericanismo", oferece ao Brasil — membro-chave do bloco — lições de soberania. Como se o "America First" incluísse o direito de cuspir na Constituição alheia. Lula respondeu com a dignidade que o momento pedia: lembrou que aqui as leis valem até para ex-presidentes. Trump, que chora "lawfare" diariamente, deveria entender: democracia não é um fast food onde se pede "imunidade para viagem".

O recado brasileiro, dado por Lula, Gleisi e até pelo silêncio estratégico do Itamaraty, é claro: não vendemos soberania a peso de xingamento no Twitter. Se Trump e Bolsonaro querem montar um clube dos inelegíveis, que o façam longe do nosso território. O Brasil já tem dono — e não é um ex-hostil do reality show da política global.

P.S.: Quando dois acusados de golpismo se abraçam, não é aliança: é cumplicidade premiada com tornozeleira.

(Redação própria)■