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O governo do presidente Alexander Lukashenko libertou 123 prisioneiros neste sábado (13), em um acordo direto com os Estados Unidos que envolve o fim de sanções americanas ao setor de potassa, um fertilizante que é a principal exportação da Bielorrússia. Entre os libertados estão algumas das figuras mais emblemáticas da oposição e dos direitos humanos no país, como a ativista Maria Kolesnikova e o vencedor do Prêmio Nobel da Paz Ales Bialiatski.
A libertação em massa é o ponto mais visível de uma aproximação diplomática entre Washington e Minsk, que vem sendo construída desde meados de 2024. O enviado especial dos EUA para a Bielorrússia, John Coale, que se reuniu com Lukashenko na sexta e no sábado, afirmou que o objetivo é a "normalização das relações" entre os dois países e que, à medida que isso avança, "mais e mais sanções serão suspensas". Em contrapartida imediata ao perdão concedido por Lukashenko, os EUA suspenderam as sanções à produtora estatal de potassa Belaruskali.
O acordo representa uma concessão significativa de Lukashenko, que governa o país com mão de ferro há mais de três décadas. Analistas veem a movimentação como uma tentativa do líder bielorrusso de aliviar o isolamento internacional e a pressão econômica causada pelas sanções ocidentais, impostas tanto pela repressão interna quanto pelo apoio de Minsk à invasão russa da Ucrânia em 2022.
A libertação segue um padrão de gestos semelhantes nos últimos meses:
Os 123 indivíduos libertados incluem um cidadão americano, seis de países aliados dos EUA e cinco ucranianos. A maioria (114) foi levada para a Ucrânia, enquanto um grupo menor, incluindo Bialiatski, seguiu para a Lituânia.
Conheça algumas das principais figuras:
Apesar da celebração pelas libertações, organizações de direitos humanos e a oposição bielorrussa fazem alertas sérios. A Anistia Internacional afirmou que a libertação "não apaga um sistema que ainda mantém centenas, se não milhares, de outros definhando atrás das grades meramente por se manifestarem". A líder oposicionista Sviatlana Tsikhanouskaya, que aguardava os libertados em Vilnius, advertiu que Lukashenko "vai vender pessoas pelo preço mais alto possível" e que as sanções são a única alavanca para forçar mudanças.
Ela e outros analistas destacam que a repressão continua ativa no país, com novas detenções ocorrendo regularmente, e que o alívio das sanções europeias, mais dolorosas para a economia bielorrussa, deve ser condicionado a mudanças estruturais e ao fim do apoio à guerra na Ucrânia.
O diálogo EUA-Bielorrússia também abordou outros temas espinhosos. O enviado John Coale mencionou que Lukashenko deu "bons conselhos" sobre como abordar a guerra na Ucrânia, aproveitando sua longa amizade com o presidente russo Vladimir Putin. No entanto, qualquer progresso futuro nas relações bilaterais, conforme um oficial americano, também dependerá da resolução de tensões com a Lituânia, como o envio de balões de contrabando que afetam o espaço aéreo lituano.
O acordo demonstra uma clara divergência de estratégia entre os EUA e a Europa, que mantém sua política de sanções e isolamento contra o regime de Lukashenko. Enquanto Washington prioriza um acordo tangível que liberta prisioneiros, a União Europeia mantém pressão por uma transformação política mais profunda na Bielorrússia.
Com informações de: Al Jazeera, CNN, Christian Science Monitor, BBC, ABC News, WRAL, Yahoo News, Amnesty International, Business Day, The Washington Post ■