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Zelensky admite referendo sobre cessão territorial em meio a pressão por acordo de paz
Pela primeira vez, a possibilidade de cessão de territórios da Ucrânia para a Rússia é levantada pelo mandatário
Leste Europeu
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■   Bernardo Cahue, 11/12/2025

Em uma mudança significativa de posicionamento, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky admitiu pela primeira vez a possibilidade de um referendo popular para decidir sobre a cessão de territórios à Rússia. A declaração, feita nesta quinta-feira (11), marca uma evolução na postura do líder, que até o início da semana rejeitava publicamente qualquer concessão territorial e afirmava que o país não tinha direito legal ou moral de fazê-la. A abertura ocorre sob intensa pressão diplomática dos Estados Unidos, que buscam um acordo para encerrar a guerra, e após Zelensky entregar uma nova proposta de paz com 20 pontos à administração do presidente Donald Trump.

Uma Mudança Estratégica na Retórica

Ao responder a perguntas de jornalistas, Zelensky afirmou que "o povo da Ucrânia responderá a essa pergunta" sobre o território, seja por eleições ou referendo. Ele justificou a nova abordagem, afirmando que os ucranianos "devem ter voz" na decisão sobre a possível cessão de terras – uma das principais exigências do Kremlin para encerrar o conflito.

Esta fala contrasta diretamente com as declarações firmes que Zelensky fez em 8 e 9 de dezembro, quando, durante uma série de reuniões com líderes europeus em Londres, declarou que a Ucrânia não cederia terras e que não tinha "direito legal ou moral" para fazê-lo. A mudança reflete a crescente pressão para aceitar um plano de paz mediado pelos EUA.

Os Pontos-Chave da Nova Proposta Ucraniana

Zelensky confirmou ter enviado aos Estados Unidos uma versão revisada de um plano de paz, elaborada após consultas com aliados europeus. Segundo os relatos, o documento contém:

  • 20 pontos principais, reduzidos de uma versão inicial de 28 pontos criticada por ser muito favorável à Rússia.
  • Propostas sobre garantias de segurança para a Ucrânia no pós-guerra e para a reconstrução do país.
  • A previsão de um Exército Ucraniano com até 800 mil soldados.
  • Discussões sobre a criação de uma "zona econômica livre" na região de Donetsk, que os americanos sugerem que Kiev deveria deixar.
  • Um pedido para a retirada de tropas russas das regiões de Kharkiv, Sumy e Dnipropetrovsk.

A Pressão Americana e o Relógio Diplomático

A administração Trump tem pressionado por uma resolução rápida do conflito. Zelensky mencionou que os EUA gostariam de ter "uma compreensão completa" da situação até o Natal, embora tenha negado a existência de um prazo rígido para concessões. O chanceler alemão, Friedrich Merz, que participou das reuniões em Londres, confirmou que a nova proposta ucraniana inclui menções a concessões territoriais, mas ressaltou que a decisão final cabe ao povo e ao presidente da Ucrânia.

Enquanto isso, a guerra continua no terreno. Na mesma semana das declarações, a Rússia lançou novos ataques com drones e mísseis contra infraestrutura energética ucraniana, causando blecautes de emergência. O cenário de conflito ativo levanta questões práticas sobre a viabilidade de realizar um pleito popular.

Obstáculos Legais e a Guerra em Andamento

A realização de qualquer referendo ou eleição enfrenta enormes barreiras legais e de segurança:

  1. Lei Marcial: A Ucrânia está sob lei marcial, que atualmente proíbe a realização de eleições nacionais.
  2. Constituição Ucraniana: A carta magna do país proíbe a cessão de território, o que significa que um referendo favorável à perda territorial exigiria mudanças constitucionais profundas.
  3. Segurança: Zelensky condicionou a realização de uma eleição a "garantias mínimas de segurança", um cenário difícil de alcançar com os combates ativos.

O presidente ucraniano demonstrou desconforto com as negociações paralelas entre Washington e Moscou, questionando publicamente "quais são os acordos separados entre os EUA e a Rússia" e afirmando que "todos os segredos serão revelados" com o tempo.

Com informações de: G1, UOL, Folha de S.Paulo, DN Portugal, ABC News, The Washington Post, Le Monde, CNN Brasil, Politico, The Moscow Times ■