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Zakharova acusa Ucrânia de ser "centro de corrupção" em meio a escândalo no governo Zelensky
Porta-voz russa afirma que corrupção é "sistemática"; investigações internas levaram à renúncia de ministros e do principal assessor presidencial, enquanto UE pressiona por reformas
Leste Europeu
Foto: https://assets.brasildefato.com.br/2024/09/image_processing20230822-27663-39bnvp.jpeg
■   Bernardo Cahue, 07/12/2025

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que a corrupção na Ucrânia transformou-se em um fenômeno "sistemático" e que o governo do presidente Volodymyr Zelensky está "em decomposição" . Em uma fala agressiva, Zakharova afirmou que "as autoridades de Kiev estão lavando dinheiro destinado pelo Ocidente" para o esforço de guerra, incluindo a produção de drones . A declaração ocorre durante uma grave crise política em Kiev, deflagrada por um escândalo de corrupção de grande magnitude no setor energético do país .

O Escândalo de US$ 100 Milhões e a Queda dos Aliados de Zelensky

As acusações de Zakharova ecoam, com viés político, um caso real que abala a Ucrânia. O Escritório Nacional Anticorrupção (NABU) e a Procuradoria Especializada Anticorrupção (SAPO) investigam um esquema de propinas que desviou cerca de US$ 100 milhões de contratos na estatal de energia nuclear Energoatom . O principal suspeito é o empresário Timur Mindich, descrito como sócio e amigo próximo do presidente Zelensky . Mindich teria deixado o país horas antes de uma operação policial .

O escândalo forçou uma série de renúncias no alto escalão do governo:

  • Dois ministros (Energia e Justiça) foram demitidos por Zelensky .
  • Andriy Yermak, chefe de gabinete presidencial e o principal negociador de Kiev com os EUA, renunciou após agentes anticorrupção realizarem buscas em sua casa e no escritório presidencial . Yermak era considerado o segundo homem mais poderoso do país .

Crise Política e Pressão Internacional

A crise mina a autoridade de Zelensky em um momento crítico da guerra. Parlamentares de seu próprio partido chegaram a pedir a saída de Yermak, alertando para um risco de divisão política . Uma pesquisa de março de 2025 já indicava que dois terços dos ucranianos não confiavam no chefe de gabinete .

Internacionalmente, o caso tem consequências diretas:

  1. Pressão da União Europeia: O bloco, ao qual a Ucrânia deseja aderir, deixou claro que o combate à corrupção é uma condição essencial para o apoio contínuo . A UE, no entanto, também elogiou as investigações como sinal de que as instituições anticorrupção ucranianas estão funcionando .
  2. Reação do Governo Ucraniano: Em resposta, a primeira-ministra Yulia Svyrydenko anunciou auditorias abrangentes em empresas estatais, começando pela Energoatom, afirmando que "qualquer corrupção é absolutamente inaceitável" durante a guerra .

Narrativa Russa e Contexto de Guerra

Para a Rússia, o escândalo é uma oportunidade de propaganda. Zakharova não apenas criticou o governo ucraniano, mas estendeu a acusação aos parceiros ocidentais, dizendo que o Ocidente "deveria compartilhar a responsabilidade" por criar uma plataforma para práticas ilícitas em Kiev . Ela ainda vinculou a atual corrupção aos protestos do Euromaidan de 2014, que considerou o início da "destruição da soberania ucraniana" .

Analistas veem a crise como um teste de resistência para Zelensky, que precisa equilibrar a luta anticorrupção exigida pelos europeus com a necessidade de manter a unidade interna e o apoio militar estrangeiro em pleno conflito com a Rússia .

Com informações de: G1, Brasil de Fato, Swissinfo, CartaCapital, The Guardian■