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O Kremlin saudou publicamente a nova Estratégia de Segurança Nacional do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que suas diretrizes estão "em grande parte de acordo" com as percepções da Rússia. A declaração do porta-voz Dmitry Peskov, feita neste domingo (7), marca uma reação rara e positiva de Moscou a um documento estratégico formal de seu antigo rival da Guerra Fria.
O documento americano, publicado na sexta-feira (5), promove uma mudança radical na política externa dos EUA, realinhando-a com a doutrina "America First". Seus pontos que mais geraram convergência com a visão russa e atrito com aliados tradicionais são:
"Os ajustes que estamos vendo correspondem, em muitos aspectos, à nossa visão", disse Peskov. Ele acrescentou que a expectativa é de que a postura americana possa ser uma "garantia modesta" para a capacidade de ambos os países continuarem um trabalho conjunto por uma solução pacífica na Ucrânia.
A estratégia dos EUA dedica uma seção contundente aos aliados europeus, argumentando que o continente, devido a políticas migratórias e de censura, pode se tornar "irreconhecível em 20 anos ou menos". O texto culpa as autoridades europeias por bloquearem esforços de paz na Ucrânia e sugere que os EUA devem priorizar "cultivar a resistência à trajetória atual da Europa dentro das nações europeias", celebrando a influência de partidos patrióticos.
A reação europeia foi de repúdio e preocupação. Um porta-voz da coalizão governista alemã, Jürgen Hardt, afirmou que a avaliação de Trump "soa como Putin falando sobre a Europa". Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Donald Tusk, lembrou aos "amigos americanos" que a Europa é seu aliado mais próximo, não seu problema.
Além da virada nas relações transatlânticas, o documento estabelece um foco militar renovado na América Latina, descrito como um "Corolário Trump" à Doutrina Monroe. O plano prevê uma presença reforçada da Marinha e da Guarda Costeira e o uso de força letal contra cartéis de drogas. Esta abordagem já está em prática, com uma campanha militar que resultou na destruição de embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico.
Em outras regiões, a estratégia indica:
A publicação da estratégia e a aprovação russa ocorrem em um momento de intensos esforços diplomáticos e militares. Enquanto delegados ucranianos e americanos encerravam uma rodada de negociações de paz em Miami sem um acordo claro, a Rússia continuou seus ataques em larga escala ao território ucraniano. O presidente Volodymyr Zelensky se reunirá com líderes europeus em Londres nesta segunda-feira (9) para discutir o processo.
Analistas veem o documento como um sinal claro da disposição de Trump em desafiar a ordem internacional pós-Guerra Fria, priorizando uma visão nacionalista e realpolitik que, por ora, encontra eco em Moscou.
Com informações de: G1, Reuters, UOL, O Globo, BBC, CNN Brasil, Terra, The Moscow Times, ANSA, Deutsche Welle, Jovem Pan■