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Ex-agente da DEA é acusado de conspirar para lavar milhões e traficar drogas para cartel mexicano
Suspeitas de obtenção de armas de fogo e explosivos também foram levantadas
America do Norte
Foto: https://media.cnn.com/api/v1/images/stellar/prod/gettyimages-2229635703-20251205195915412.jpg?c=original&q=w_860,c_fill
■   Bernardo Cahue, 06/12/2025

Um ex-agente de alto escalão da Agência de Controle de Drogas dos Estados Unidos (DEA) e um associado foram acusados de conspirar para lavar milhões de dólares em lucros do narcotráfico e obter armas de fogo e explosivos de grau militar para o Cártel Jalisco Nova Geração (CJNG). O esquema foi descoberto por meio de uma operação secreta do governo norte-americano.

Os Acusados e as Acusações

Os acusados são Paul Campo, de 61 anos, e Robert Sensi, de 75 anos. Campo era uma figura experiente na DEA: sua carreira de 25 anos na agência começou como agente especial em Nova York e culminou no cargo de subchefe de Operações Financeiras, uma posição de alta responsabilidade. Ele se aposentou em 2016. Sensi é descrito como um associado de Campo.

Eles enfrentam uma acusação formal com quatro crimes de conspiração: narcoterrorismo, terrorismo, distribuição de narcóticos e lavagem de dinheiro. Em sua primeira audiência, um juiz federal em Manhattan determinou a prisão preventiva sem direito a fiança para ambos.

Detalhes da Operação Secreta e do Esquema Criminoso

Por aproximadamente um ano, Campo e Sensi negociaram com uma fonte confidencial da aplicação da lei que se passava por membro do CJNG. Eles acreditavam estar trabalhando para o cartel, mas na realidade toda a operação era monitorada pelas autoridades.

De acordo com a acusação, os homens concordaram em:

  • Lavar cerca de US$ 12 milhões em lucros provenientes do tráfico de drogas para o cartel.
  • Converter aproximadamente US$ 750.000 em dinheiro vivo para criptomoedas, um montante que foi apreendido pelo governo.
  • Fornecer um pagamento para aproximadamente 220 quilos de cocaína que, segundo lhes foi informado, seria vendida nos EUA por cerca de US$ 5 milhões, com eles recebendo uma parte do lucro.

Além do lado financeiro, os dois também discutiram a aquisição de um arsenal pesado para o cartel, incluindo:

  • Drones comerciais
  • Rifles semiautomáticos AR-15 e carabinas M4
  • Lanzagranadas e granadas propelidas por foguete (RPGs)

Durante as conversas, Campo ostentou sua experiência prévia na polícia e se ofereceu para atuar como um "estrategista" para a organização criminosa.

Reações e Defesa

O procurador federal Jay Clayton afirmou que Campo "traiu sua carreira na DEA" ao ajudar um cartel responsável por "incontáveis mortes por violência e tráfico de drogas". O administrador da DEA, Terrance Cole, emitiu um comunicado reconhecendo que as acusações, mesmo contra um ex-funcionário, "desonram os atuais agentes da lei e minam a confiança pública na polícia".

Os advogados de defesa entraram com pedidos de não culpado e contestaram a acusação. O advogado de Campo, Mark Gombiner, a qualificou como um "documento algo sensacionalista e algo incoerente". Ele contestou especificamente a alegação de que os homens haviam acordado em obter armas, sugerindo que era uma desculpa pela falta de evidências concretas. A defesa de Sensi argumentou que ele não apresentava risco de fuga devido a sérios problemas de saúde.

Um Padrão de Problemas na DEA

Este caso não é um incidente isolado. A DEA tem enfrentado nos últimos anos vários escândalos de má conduta em suas fileiras.

  • Em 2021, o ex-agente especial Jose I. Irizarry foi sentenciado a mais de 12 anos de prisão por conspirar para lavar US$ 9 milhões para um cartel colombiano, desviando dinheiro de investigações secretas da DEA para comprar joias, carros de luxo e uma casa. Em declarações à imprensa, Irizarry chegou a afirmar que a guerra contra as drogas era um "jogo muito divertido que jogávamos".
  • Segundo a Associated Press, pelo menos 16 agentes da DEA foram acusados de crimes federais na última década, incluindo tráfico de drogas, pornografia infantil e venda de armas para associados de cartéis.
  • Há também relatos de corrupção em unidades internacionais treinadas pela DEA. Por exemplo, o ex-chefe de uma unidade sensível da DEA no México foi condenado por narcotráfico em 2021, e um ex-secretário de Segurança Pública mexicano, que teve acesso a informações da agência, será julgado por conspiração com o Cártel de Sinaloa.

Em resposta a estes problemas, a partir de 2021 a DEA implementou novos controles sobre o uso de seus fundos em operações secretas de lavagem de dinheiro e endureceu as punições por má conduta.

Impacto e Próximos Passos

O caso expõe uma séria vulnerabilidade: a possibilidade de que agentes experientes usem seu conhecimento especializado para auxiliar as organizações que deveriam combater. O fato de Campo ter oferecido seus serviços como estrategista levanta preocupações sobre o potencial vazamento de táticas e informações sensíveis.

A evidência contra os acusados inclui horas de gravações de conversas com o informante, dados de localização de celulares, e-mails e imagens de vigilância. A próxima audiência no tribunal federal de Manhattan está marcada para 19 de dezembro. Enquanto isso, Campo e Sensi permanecem detidos, e seus advogados preparam a defesa para um caso que promete prolongar-se e chamar a atenção para as falhas de supervisão dentro de uma das principais agências de combate às drogas do mundo.

Com informações de: Times Union, WRAL, AP News, U.S. Department of Justice, Sun-Sentinel

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