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Em uma decisão que mistura justiça criminal, política externa e eleições estrangeiras, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que concederá perdão total ao ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernández, condenado a 45 anos de prisão por narcotráfico. O anúncio, feito às vésperas das eleições presidenciais hondenhas, foi acompanhado de um endosso público a um candidato conservador e de uma ameaça de cortar ajuda ao país centro-americano, gerando críticas de legisladores americanos e acusações de ingerência política.
Em uma publicação na plataforma Truth Social na sexta-feira (28), Trump afirmou que concederia um "perdão total e completo" a Juan Orlando Hernández. O presidente americano justificou a medida, alegando que o ex-líder hondurenho foi "tratado de forma muito dura e injusta", segundo avaliação de pessoas que ele diz respeitar. Em declarações posteriores, Trump sugeriu que o processo judicial contra Hernández foi uma "armadilha" do governo Biden, argumentando que "se alguém vende drogas naquele país, isso não significa que você prende o presidente e o coloca na prisão pelo resto da vida". A família de Hernández reagiu com orações e agradecimentos em sua casa em Tegucigalpa.
A decisão de Trump contrasta violentamente com a gravidade dos crimes pelos quais Hernández foi condenado. Em março de 2024, um tribunal federal em Nova York o considerou culpado por conspirar para importar cocaína para os Estados Unidos e por crimes relacionados a armas. A sentença de 45 anos e uma multa de US$ 8 milhões foram aplicadas em junho do mesmo ano.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, durante seu mandato como presidente (2014-2022) e em cargos anteriores, Hernández estava no centro de uma das maiores conspirações de tráfico de drogas do mundo:
O procurador-geral Merrick Garland, durante o governo Biden, afirmou que Hernández "abusou de seu poder para apoiar uma das maiores e mais violentas conspirações de narcotráfico do mundo". Durante o julgamento, testemunhas relataram que o ex-presidente teria dito que seu objetivo era "enfiar droga nos gringos debaixo de seus narizes".
O anúncio do perdão provocou reações imediatas e negativas de políticos americanos de ambos os partidos, além de descontentamento em Honduras:
O momento do anúncio não foi casual. A eleição presidencial em Honduras ocorreu no domingo (30), e Trump explicitamente vinculou seu perdão ao resultado do pleito.
Asfura, por sua vez, tentou se distanciar do ex-presidente condenado, afirmando não ter "nenhuma vinculação" com Hernández e que o partido não é responsável por ações pessoais.
A decisão de perdoar Hernández ocorre dentro de um contexto geopolítico mais amplo da administração Trump, marcado por uma postura agressiva na América Latina:
Nesse cenário, o perdão a um ex-alié condenado por traficar centenas de toneladas de cocaína é visto por analistas como uma contradição flagrante, mas que se alinha ao objetivo de influenciar aliados políticos na região.
Com informações de: BBC, U.S. Department of Justice - Office of Public Affairs, G1, CNN Brasil, Swissinfo.ch, CBS News■