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Sob pressão, EUA e Ucrânia buscam caminho para fim da guerra
Encontro ocorre em meio a avanços russos no campo de batalha, crise política em Kiev e um polêmico plano americano que exige concessões territoriais e de segurança da Ucrânia
America do Norte
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRMDHH9VnoqO2mF_wRz9TP6OYpLXx_deTIFqQ&s
■   Bernardo Cahue, 01/12/2025

A Reunião Crucial na Flórida

Neste domingo (30), altos funcionários dos Estados Unidos e uma delegação da Ucrânia iniciaram uma rodada crucial de negociações em Hallandale Beach, na Flórida, com o objetivo de destravar um acordo para encerrar a guerra com a Rússia . O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que a reunião foi "muito produtiva", mas alertou que ainda há muito trabalho a ser feito .

Do lado americano, as discussões foram lideradas por Rubio e incluíram o enviado especial Steve Witkoff e o genro do presidente Donald Trump, Jared Kushner . A Ucrânia foi representada por Rustem Umerov, o Secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, que assumiu o papel de principal negociador após a saída do chefe de gabinete presidencial, Andriy Yermak, envolvido em um escândalo de corrupção .

O Plano de Paz Americano e seus Pontos Polêmicos

As negociações giram em torno de um plano de paz de 28 pontos elaborado pela administração Trump, cujos detalhes iniciais provocaram forte rejeição em Kiev e entre aliados europeus . A versão original, redigida após consultas com a Rússia, era vista por críticos como um "plano para a capitulação" da Ucrânia .

Entre as disposições mais controversas que circularam, estavam:

  • Cessão territorial: Reconhecimento das regiões de Donetsk, Luhansk e Crimeia como parte da Rússia, além da entrega de áreas do Donbas ainda sob controle ucraniano .
  • Limitações militares: Redução pela metade do tamanho do Exército ucraniano e proibição de ingressar na OTAN .
  • Exigências políticas e culturais: Realização de eleições em 100 dias e adoção do russo como segundo idioma oficial .

Diante da resistência, o plano foi revisto e reduzido para 19 pontos, com alguns dos termos mais sensíveis, como os relacionados ao território e à OTAN, sendo retirados para discussão direta entre Trump e Zelensky no futuro . O conteúdo exato da versão atual, no entanto, permanece incerto .

Pressão, Concessões e um Acordo Paralelo sobre Riquezas Minerais

As conversas ocorrem em um contexto de enorme pressão sobre Kiev. Militarmente, a Rússia avança lentamente no leste do país . Politicamente, o presidente Volodymyr Zelensky enfrenta uma crise doméstica com o escândalo de corrupção no setor energético . Diplomatas descreveram o ambiente na Flórida como de "alguma pressão" americana sobre os ucranianos para fechar um acordo .

Paralelamente ao processo de paz, os dois países chegaram a um entendimento sobre um acordo econômico envolvendo os vastos recursos minerais da Ucrânia, que incluem lítio, grafite e terras-raras . Inicialmente, os EUA demandaram direitos sobre receitas potenciais de US$ 500 bilhões, mas recuaram para uma posição mais moderada após objeções de Kiev .

Próximos Passos e a Reação da Rússia

O processo está longe do fim. O enviado especial Steve Witkoff deve viajar para Moscou ainda esta semana para apresentar os termos discutidos com os ucranianos ao governo russo . A chave para qualquer acordo será a disposição do presidente Vladimir Putin, que até agora não deu sinais claros de querer um acordo negociado, a fazer concessões .

Enquanto Rubio expressa otimismo cauteloso, fontes ucranianas descrevem um processo "difícil, mas construtivo" . A postura pública de Zelensky é de que não trairá o país, buscando "propor alternativas" ao plano americano . O desafio diplomático será encontrar uma fórmula que satisfaça as exigências mínimas de segurança de Kiev e seja ao mesmo tempo aceitável para Moscou e para uma administração Trump focada em resultados tangíveis .

Com informações de: G1, Deutsche Welle (DW), Reuters, Euronews, CNN Brasil, Folha de S.Paulo, Expresso, BBC e Metrópoles. ■