Siga nossas redes sociais | ![]() | Siga nossos canais |
O secretário geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou publicamente que a Rússia continuará sendo uma "ameaça a longo prazo" para a Europa, mesmo que um acordo de paz seja firmado para a Ucrânia. Rutte defendeu que os aliados da aliança militar precisam gastar muito mais em defesa, pressionando inclusive a Espanha a elevar seus investimentos para algo entre 3,4% e 3,6% do PIB, e não os 2,1% inicialmente previstos.
Enquanto isso, o ambiente diplomático permanece carregado. Líderes europeus rejeitaram pontos centrais de um plano de paz proposto pelos EUA para a Ucrânia, considerando que ele reproduz demandas de Moscou. O plano, que inclui limitações militares para a Ucrânia e concessões territoriais, foi tratado como um "borrador" que precisa de modificações, segundo as nações europeias. A cobertura da mídia estatal russa sobre esse plano de paz tem sido discreta, com o Kremlin evitando revelar sua posição real, em uma postura de distância calculada.
Internamente, a economia russa mostra sinais claros de desaceleração, gerando tensões entre as elites econômicas do país:
Esse cenário de alta de preços e redução da atividade levou economistas a alertarem para um risco de estagflação – a combinação de inflação persistente com estagnação econômica. Para financiar a guerra, o governo russo está aumentando os impostos sobre empresas e indivíduos ricos
Diante das crescentes pressões econômicas, o governo Putin adotou uma narragem que responsabiliza o Ocidente e as sanções pelas medidas de austeridade, ao mesmo tempo em que reforça retórica militarista.
Um exemplo das tensões internas foi o caso do major-general Ivan Popov, um dos responsáveis por conter o avanço ucraniano em Zaporizhia. Após desafiar publicamente o alto escalão militar russo, ele foi preso e, posteriormente, liberado para comandar um "batalhão suicida" na Ucrânia, uma unidade penal de alto risco. Analistas veem a nomeação como uma punição velada e um símbolo do sistema de redenção criado por Putin, no qual oficiais que desafiaram o regime podem retornar à ativa em missões perigosas.
As tensões também se manifestam no campo econômico. A diretora do banco central, Elvira Nabiullina, enfrenta críticas públicas de industriais, associações empresariais e até do primeiro-ministro Mikhail Mishustin, que blame as altas taxas de juros pela queda nos investimentos. A pressão sobre a instituição, que antes operava com certa independência, sinaliza um esforço do Kremlin para encontrar bodes expiatórios para a crise, sem responsabilizar a guerra diretamente.
A estratégia do Kremlin de culpar o Ocidente pelos aumentos de impostos ocorre em um momento delicado, onde a economia sofre as consequências dos gastos bélicos massivos e das sanções internacionais. As declarações de líderes da OTAN, por um lado, fornecem munição para a narrativa estatal de cerco externo. Por outro, as fissuras no cenário doméstico, entre a elite económica e militar, mostram os limites dessa retórica em um país que se prepara para um quarto ano de conflito com a Ucrânia e uma crise económica crescente.
Com informações de El País, Areferencia, O Globo, Euronews, Opera Mundi, Real Instituto Elcano e R7 Notícias ■