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Uma significativa mobilização naval dos Estados Unidos no Mar Caribe, autorizada pelo presidente Donald Trump, reacendeu o espectro de uma prática histórica: a "diplomacia das canhoneiras". Enquanto o governo americano justifica a ação como uma operação antidrogas, analistas e reportagens especializadas veem uma manobra geopolítica mais complexa, destinada a reafirmar o controle sobre o "quintal" americano, conter a influência de potências rivais e, potencialmente, desviar a atenção de desafios econômicos internos.
A estratégia envolve o envio de uma força naval substancial para perto das costas da Venezuela e de outros países latino-americanos. Essa força inclui destroieres da classe Arleigh Burke, equipados com o sistema de radar Aegis e mísseis de cruzeiro Tomahawk, e deve ser reforçada com o porta-aviões USS Gerald Ford e seu grupo de combate, totalizando cerca de 5.000 fuzileiros navais. Oficialmente, o objetivo é "interromper as rotas do tráfico" de drogas, numa campanha que Trump descreveu como um "conflito armado não internacional" contra os cartéis. No entanto, a escolha de plataformas de guerra de alto poder, em vez de embarcações de patrulha mais adequadas para a aplicação da lei, é vista como uma mensagem em si mesma – o meio é a mensagem, em uma exibição visível de poder naval.
Para observadores internacionais, a retórica antidrogas serve de fachada para objetivos estratégicos mais profundos:
A justificativa central da operação é amplamente questionada. Especialistas e relatórios internacionais afirmam que:
Enquanto projeta força no exterior, o governo Trump enfrenta desafios econômicos e políticos em casa. Dados recentes mostram que a taxa de desocupação nos EUA atingiu 4,4%, o maior índice em quatro anos, afetando cerca de 7,6 milhões de pessoas. A inflação também tem subido, impulsionada em parte pelos tarifaços impostos por Trump a diversos países, o que levou o governo a recuar e reduzir essas taxas para produtos de nações como Brasil. Paralelamente, o índice de aprovação do presidente caiu para 41%, com 55% de desaprovação, indicando um desgaste político significativo. Esse contexto alimenta a análise de que a postura belicosa no Caribe pode ser, em parte, uma estratégia para desviar a atenção da opinião pública das dificuldades internas.
A diplomacia das canhoneiras tem gerado reações adversas e colocado a região em um dilema. Governos latino-americanos, incluindo o do Brasil, têm demonstrado cautela e se movido para revisar formas de cooperação, temendo um retorno às intervenções do século XX. A Venezuela, por sua vez, respondeu mobilizando sua doutrina de "Guerra de Todo o Povo" e buscando apoio de aliados como Rússia, China e Irã. Diante da crise de hegemonia global dos EUA, a América Latina se vê diante de duas opções, conforme aponta análise em The Conversation: aceitar a tutela norte-americana ou construir sua própria arquitetura de cooperação em defesa, o que exigiria uma coordenação política regional até agora difícil de alcançar.
Com informações de: AthenaLab, CNN Espanhol, Estrategia.la, Revista Fal, The Conversation, Tiempo AR, Univision ■