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EUA retiram tarifa de 40% sobre produtos agrícolas brasileiros
Decisão do presidente Donald Trump, que cita conversas com Lula, beneficia setores como café e carne bovina e é retroativa a 13 de novembro
America do Norte
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSfl3_QZV4k5BDwTS49oHkAvnfhtgz9IOyY3g&s
■   Bernardo Cahue, 21/11/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (20) uma ordem executiva removendo a sobretaxa de 40% sobre mais de 200 produtos agrícolas importados do Brasil. A medida, que cita explicitamente uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é válida para mercadorias que chegaram ao território americano a partir do dia 13 de novembro.

Na ordem, Trump afirma que a decisão foi tomada após uma ligação com Lula em 6 de outubro, "durante a qual concordamos em iniciar negociações", e com base em recomendações de suas autoridades, que avaliaram que houve "progresso inicial nas negociações com o governo do Brasil". Diferentemente da medida global da semana passada, que removeu tarifas de 10%, esta se aplica especificamente ao Brasil.

Principais Produtos Beneficiados

A lista de produtos que voltam a ter condições equilibradas de comércio inclui alguns dos itens mais importantes da pauta de exportações brasileiras para os EUA :

  • Café e seus derivados
  • Diversos cortes de carne bovina
  • Frutas como açaí, banana, manga, laranja e coco
  • Cacau, castanha-de-caju e castanha-do-Pará
  • Especiarias como pimenta, canela, baunilha e cravo
  • Tomate, chá, mate e alguns fertilizantes

Diplomacia e Interesses Comerciais por Trás da Decisão

O anúncio é o capítulo mais recente de uma sequência de movimentos diplomáticos. O dia 13 de novembro, data de retroação da medida, coincide com a reunião em Washington entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio . Esse encontro foi precedido pelo telefonema entre Lula e Trump em outubro e por um breve encontro dos dois presidentes durante a Assembleia Geral da ONU em setembro.

Especialistas apontam que, embora a diplomacia tenha sido crucial, fatores econômicos internos dos EUA exerceram forte pressão pela revisão das tarifas. O café, produto do qual o Brasil é o principal fornecedor dos Estados Unidos, acumula uma alta de preço de cerca de 20% no país em relação ao ano passado. A carne bovina também enfrenta uma inflação entre 12% e 18% no mercado americano.

Alívio Imediato e Desafios Futuros para os Exportadores

O setor exportador comemorou a decisão, mas alerta que os prejuízos dos últimos meses levarão tempo para serem superados.

  • Café: As exportações para os EUA despencaram 54,4% em outubro na comparação com 2024. O diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, classificou a retirada da tarifa como um "presente de Natal antecipado", mas destacou que o setor terá o desafio de reconquistar o espaço perdido no mercado, uma vez que estoques nos EUA chegaram a zero e os importadores já se ajustaram a outras origens.
  • Carne Bovina: A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) emitiu nota celebrando a medida, afirmando que a reversão "reforça a estabilidade do comércio internacional". Com o fim da sobretaxa, o imposto sobre a carne brasileira retorna aos 26,4% que vigoravam antes do "tarifaço".

Reações no Cenário Político

A decisão foi recebida com entusiasmo pelo governo brasileiro. O presidente Lula afirmou que a medida "confirma a força da diplomacia ativa do governo" e declarou estar "muito feliz" com a decisão de Trump. O Itamaraty emitiu nota manifestando "satisfação" com o anúncio e reafirmando a disposição para continuar o diálogo.

Na oposição, parlamentares atribuíram a decisão exclusivamente aos interesses comerciais dos Estados Unidos. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou: "Só interesse americano. Zero aproximação com o governo brasileiro. Trump está defendendo os interesses do país dele".

Com informações de: BBC.com, CNN Brasil, Folha, G1, Gazeta Brasil, O Globo e UOL■