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O maior navio de guerra do mundo, o porta-aviões nuclear USS Gerald R. Ford, chegou à área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA, que abrange a América Latina e o Caribe, no dia 11 de novembro. A embarcação se junta à maior presença militar norte-americana na região em décadas, em uma operação que o presidente Donald Trump justifica como combate ao narcoterrorismo, mas que analistas e governos locais veem como uma escalada deliberada de tensões com a Venezuela.
O USS Gerald R. Ford não é um porta-aviões comum. Trata-se do mais moderno e tecnologicamente avançado da frota dos EUA, uma plataforma de combate que a Marinha americana descreve como "a mais capaz, versátil e letal do mundo". Comissionado em 2017, o navio tem mais de 333 metros de comprimento e pesa cerca de 100 mil toneladas. Sua usina nuclear permite velocidades superiores a 30 nós (cerca de 56 km/h).
Sua capacidade aérea é um dos seus principais trunfos:
O grupo de ataque que acompanha o Ford inclui três destróieres – o USS Mahan, o USS Bainbridge e o USS Winston Churchill – ampliando ainda mais seu poder de fogo e versatilidade.
A chegada do Ford é o capítulo mais recente em uma escalada militar que começou em agosto de 2025. A campanha, ordenada por Trump, tem como foco público o combate a organizações criminosas transnacionais, designadas como terroristas. No entanto, suas ações vão muito além de patrulhas:
Apesar do discurso oficial focar nos cartéis, as ações dos EUA têm um alvo político claro: o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. O governo Trump acusa Maduro de comandar o "Cartel de los Soles" e dobrou a recompensa por sua captura para US$ 50 milhões. Fontes da administração americana e especialistas afirmam que um objetivo provável da operação é forçar a saída de figuras-chave do governo Maduro.
Em resposta, a Venezuela adotou um estado de alerta máximo. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, anunciou a "plena prontidão operacional" de todas as forças armadas do país. Maduro ordenou a mobilização de milícias bolivarianas e iniciou exercícios militares em grande escala, envolvendo o exército, a aeronáutica e a marinha.
Documentos e fontes do governo venezuelano obtidos pela Reuters revelam que o regime Maduro está ciente de sua desvantagem em uma guerra convencional e prepara uma resistência no estilo guerrilha para o caso de um ataque terrestre dos EUA.
Os planos, uma admissão tácita da inferioridade militar, incluem duas estratégias principais:
Uma fonte próxima ao governo resumiu a realidade: "Não duraríamos duas horas em uma guerra convencional". As Forças Armadas venezuelanas enfrentam problemas crônicos de falta de treinamento, salários baixos e equipamentos defasados, em grande parte de origem russa e com décadas de uso.
A campanha militar americana tem levantado sérias questões sobre sua legalidade. A diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch, Juanita Goebertus, classificou os ataques como "execuções extrajudiciais" que devem ser investigadas. Especialistas questionam o argumento da Casa Branca de que está envolvida em um "conflito armado" com os cartéis, uma justificativa que expandiria drasticamente os poderes de guerra do presidente.
Com a chegada do USS Gerald R. Ford, o poder de fogo norte-americano na região atinge um novo patamar. Enquanto Trump sinaliza que "os dias de Maduro na presidência da Venezuela estão contados", o governo venezuelano se prepara para uma luta assimétrica. A situação cria um dos cenários geopolíticos mais voláteis nas Américas nas últimas décadas, com o Caribe como palco de uma tensão que ameaça descambar para um conflito de proporções imprevisíveis.
Com informações de: BBC, Wikipedia, G1, France 24, Euronews, UOL, Veja ■